segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2013 - além da Planície Proibida



É meu desejo que em 2013 possamos entender a natureza dos obstáculos e superá-los.  Ir além da PLANÍCIE PROIBIDA – reencontrar a Alegria e o Amor que os inimigos ocultos (esses disfarçados de amigos)  insistem em apagar de nossas almas.
Quadro "Além da planície proibida" de Carlos Zemek. Ver: http://www.cazemek.blogspot.com.br/


Ter confiança e coragem para tomar decisões e realizá-las.
Ter firmeza para dizer "não" quando essa palavra é necessária.

Diante de qualquer entrave pensar : "Essa é uma luta para quebrar brinquedo, não é parte da grande preparação”.

E neste mundo de brinquedos, de jogos, de falsidade, de vaidade, no qual parece fundamental mostrar que somos felizes, sempre felizes, de dia e de noite, como se o mundo fosse um parque de diversões e os seres humanos deuses imortais, sempre alegres, sorridentes, sem perguntas e sem respostas, (bonecos alegres e indiferentes ao sofrimento do mundo), vamos ler essa bela página da Bíblia:
TEMPO PARA TUDO 
Tudo neste mundo tem seu tempo;
cada coisa tem sua ocasião.

Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir;

Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar:
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar;

Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.
Há tempo de amar e tempo de odiar
tempo de guerra e tempo de paz.
Eclesiaste 3, 1-8

FELIZ 2013

sábado, 8 de dezembro de 2012

LANÇAMENTO DE “NATAL, VIAGENS E FANTASIAS”




Miniconto é uma modalidade literária considerada recente. O miniconto mais famoso é do escritor guatemalteco Augusto Monterroso (1921-2003): “Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”. Nesta época de blogues, Twitter, e-mail e redes sociais, as pessoas estão escrevendo mais e, muitas vezes, encrencando-se ao dar as opiniões diretamente, sem os filtros das boas maneiras. Esta é a época do texto curto e contundente. Por isso, alguns consideram que o miniconto chegou na hora certa.

Como exprimir os pensamentos em poucas palavras? Como criar personagens, enredos, tempo, espaço e narrador em um conto com menos de 100 palavras. Esse foi o desafio que apresentei aos meus alunos da oficina de criação literária que oriento no Solar do Rosário. A pergunta foi ondulando até outros ouvidos atentos.  O resultado é o livro “Natal, viagens e fantasias”, publicado pela editora Virtual Books. O jornalista Marcelo Spalding, especialista na modalidade miniconto, escreveu o prefácio, e o poeta e professor Alvaro Posselt, a introdução.


O livro contém minicontos de autores com estilos diferentes. O fio condutor é o Natal. A visão que cada um tem, as coisas interessantes, engraçadas ou bizarras que podem acontecer no Natal. E não vai pensar o leitor que estará diante de autores inexperientes, não! É verdade que para alguns é a primeira publicação, mas entre os contistas estão Fernando Botto, que há anos se dedica às letras e já tem livros de contos e de crônicas publicados, Alexandra Barcellos, escritora de livros infantis, e Silvia Maria de Araújo, socióloga com trabalhos excelentes na área pedagógica, que ganhou em 2001 como co-autora o Prêmio Jabuti na categoria Livro Didático. Destacamos também a participação de Willians Mendonça, engenheiro florestal e apaixonado pela literatura, que neste ano conquistou o segundo lugar no 5º Concurso para servidores públicos “Servir com Arte”.




A reunião dos contos faz o leitor pensar nas faces diferentes do Natal. É o Natal alegre, o Natal reflexivo, o Natal consumista, o Natal em família, o Natal no campo e na cidade, na casa e numa viagem inusitada, nos sorrisos e nas lembranças. Porque Natal quer dizer nascimento, e nascer é um momento mágico que acontece simbolicamente cada vez que decidimos deixar o passado e renovar as energias.  

Participaram do livro que tive a honra de organizar: Alexandra Barcellos, Ana Paula Lemos Pinheiro, Eliziane Nicolao Lobo Pacheco, Fernando Botto, Luciana Souza, Luiza Guarezi, Susana Arceno Silveira, Silvia Maria de Araújo, Willians R. Mendonça. Contos em parceria: Adriana Menendez e Sonia Andrea Mazza. Nosso escritor convidado foi Rodrigo Domit, ganhador de vários prêmios literários.


O livro será lançado no dia 12 de dezembro, às 19 horas, no SESC Água Verde. No evento também será inaugurada a exposição de quadros “Natal, Viagens e fantasias     “, com trabalhos em Arte Digital de Carlos Zemek, e trabalhos em óleo, acrílico e aquarela dos artistas Alexandre de Paula, Carlos Zemek, Célia Dunker, Dirce Polli, Gustavo Cardoso Melo, Ilia Ruiz, Jeffe Cor, J. Bonatto, Katia Velo, Mercedes Brandão, Neiva Passuello, Sandoval Tibúrcio, Valéria Sípoli, Vavá Diehl, Jeffe Cor e Rosa Miller. Esculturas de Regina Tiscoski. Curadoria de Dirce Polli.


Além de apresentar uma exposição dos cartões elaborados pelas crianças do hospital Erasto Gaertner, o evento contará com a participação do Coral Thalia, um dos mais tradicionais da cidade, com um repertório especial de músicas natalinas que dará um sabor especial ao evento.


Dia 12 de dezembro, às 19 horas, no SESC Água Verde, Av. República Argentina, 944, Curitiba. ENTRADA FRANCA.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A MÁQUINA DE MADEIRA - de Miguel Sanches Neto




O lançamento do novo livro de Miguel Sanches Neto será no sábado, 08 de dezembro, 17 horas na Livraria Arte e Letras – Curitiba ( Rua Presidente Taunay, 130B - Próximo ao Shopping Batel – Casa de Pedra).

O livro foi publicado pela editora Companhia das Letras, em cujo site encontramos esclarecimentos sobre o livro "A máquina de madeira".

Uma enorme máquina taquigráfica chega ao Rio, vinda numa embarcação do Recife. Quem acompanha o desembarque é seu criador, o padre Francisco João de Azevedo. A máquina é uma das revoluções do século XIX. Com ela, sermões e discursos poderão ser transcritos com agilidade até então desconhecida, como que num registro do próprio progresso brasileiro.

É um momento de ebulição nas ciências nacionais. Dezenas de inventores se agrupam no prédio da Exposição Universal, que receberá visita do imperador d. Pedro e de investidores do mundo todo. Nas ruas, a expectativa de um salto industrial e econômico para o Brasil.

Neste romance histórico, o escritor Miguel Sanches Neto usa a trajetória do padre Azevedo, precursor da máquina de escrever e quase desconhecido entre nós, para narrar a formação da identidade de um país. Com humor e um olhar por vezes ferino, mostra um Rio de Janeiro que tenta caminhar do exótico para o moderno, um lugar onde os ventos europeus contracenam com resquícios do Brasil colônia.

A figura do padre professor, impelido à desastrada aventura no Rio por suas habilidades manuais e ânsia pelo progresso, serve de baliza para uma trama maior, de exploradores e explorados, de articulações políticas e econômicas, que vai da intriga nos corredores do Paço à residência de uma certa amante do imperador, passando pelos melhores bordéis da cidade.

Em meio a essa quase tragicomédia brasileira, surge um personagem denso e complexo. Entre a fé e a ciência, entre o amor e o dever, Azevedo representa uma nova mentalidade. No descompasso de suas ideias progressistas e as já velhas tradições nacionais, surge uma reflexão atual sobre um país sempre em movimento. No Rio de Janeiro do século XIX, recriado minuciosamente por Miguel Sanches Neto, é o Brasil de hoje que se desvela.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

1º Encontro de escritores, editores, professores e gestores de literatura, livros e leitura


O artista e professor Jul Leardini enviou o seguinte texto:
Convido todos os interessados em literatura, escritores, editores, produtores de Literatura, Livros e Leitura para participarem deste encontro, para conversarmos sobre o futuro desta arte, frente ao Plano Nacional de Cultura. Precisamos traçar objetivos para não deixarmos a área continuar desarticulada como está no momento. 

O Encontro será em 13 de dezembro, a partir das 10 horas da manhã, na Biblioteca Pública do Paraná.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Duas poetas: Andréia Carvalho e Rosana Banharoli


CAMAFEU ESCARLATE E VENTOS DE CHUVA

Em certa oportunidade levei os originais de um livro de poesia para um editor e ele disse: “Não edito poesia, poesia tem mais escritores que leitores”. Lembro-me de que a frase teve um efeito forte, porque é ao mesmo tempo engraçada e chocante. Falei isso em aulas e, como o leitor deve saber, muitas vezes as pessoas escutam “A” e entendem “B”. Um aluno saiu da aula dizendo que eu havia falado que no Brasil tem mais escritores que leitores. Nunca falei isso!!! Só contei um fato real.

Pois bem, é comum os editores dizerem que poesia não vende. Realmente, são poucas as editoras que publicam esse gênero. Editora precisa vender para sobreviver e o mercado dos livros é muito competitivo. O marketing necessário para que um livro saia das prateleiras e seja um dos mais vendidos exige um projeto inteligente e muito dinheiro. As editoras investem em livros que têm mais potencial de venda, isso não quer dizer que o livro seja de boa qualidade literária, mas que pode atrair um número elevado de leitores.

Reiteramos, raramente acontece isso com um livro de poemas. Um livro de poema entre “os mais vendidos” não é um fato comum. No momento, Ferreira Gullar é considerado o melhor poeta brasileiro vivo. Sua técnica é impecável. Ferreira Gullar elabora seus versos dando sofisticação e leveza, e isso não é fácil.
Apesar de que a venda dos livros de poemas não é muito expressiva, o número de poetas, sim. Muitas pessoas escrevem poesia e querem ver seus livros nas livrarias e bibliotecas. Querem ser lidos. Recebemos dois livros de poemas e vamos falar sobre eles.

CAMAFEU ESCARLATE, de Andréia Carvalho, (São Paulo, Lumme Editor, 2012) e VENTOS DE CHUVA, de Rosana Banharoli (São Paulo, Scortecci, 2011).

Andréia Carvalho é o nome literário de Andréia Ticiane Pires de Carvalho. Natural de Ponta Grossa, reside em Curitiba, estudou Ciências Biológicas e Produção Multimídia. Atualmente cursa Pedagogia - Magistério da Educação Infantil e Anos iniciais do Ensino Fundamental, na CIPEAD/UFPR.
Seu caminho literário vai se consolidando aos poucos, tem publicações em diversos blogs, poemas nas revistas eletrônicas Zunái, de nosso amigo, o poeta Claudio Daniel, na revista online Germina e Eutomia. Alguns de seus poemas foram traduzidos em catalão e espanhol por Joan Navarro. Teve participação em miniantologia poética da Agenda de Programação do CCSP, Centro Cultural São Paulo (edição de fevereiro de 2012).
Seu primeiro livro de poesia “A Cortesã do Infinito Transparente” foi lançado em 2011 em Curitiba. O segundo livro “Camafeu Escarlate” foi publicado em agosto de 2012. Ambos publicados pela Lumme Editor. O estilo de Andréia é um tanto hermético, povoado de imagens de símbolos e exige muita atenção do leitor. Poderíamos dizer que é um livro para quem gosta de degustar a poesia como um vinho com corpo, cor e sabor diferente. Andréia é dona de uma pluma escura e de traços firmes. Ela arrasta o leitor pelos caminhos que sua alma sugere.


 Vejamos um poema:
9 ponto cantado de mu

quem te chama
sacerdotisa de lata
pupila extravasada
ninfa brusca
gêmea de prata
cnidária
dá-me a mão duende
nutritiva
plástica
nem que me seja amarga
nem que me seja farta (...)

O livro “VENTOS DE CHUVA”, de Rosana Banharoli, brinda uma gama de poemas que falam à subjetividade humana. Rosana já foi ganhadora de vários concursos literários. Ela esclarece que é “Jornalista por formação e poeta por teimosia”. Membro da Comissão de Literatura de Santo André (2011). Participou de várias antologias de poesia através de premiações em concursos literários. Tem poemas e microcontos publicados em diversos sites renomados como Revista Piauí, Revista Maria Joaquina, Revista A Cigarra, Revista Trapiches, Caderno Pragmatha, Momento Lítero Cultural, Clube dos Poetas do Litoral e na edição especial, Poetas pedem paz, na Revista Germina, entre outros.



Vejamos um poema de Rosana Banharoli:

Enquanto caminho, chove
Em meio a cicatrizes urbanas
desvio-me de pingos
que brincam no ar.
Poderia me agarrar a eles e voar.
Preferi ficar aqui:
jogando sementes e regando versos.

São dois estilos diferentes, mas ambas poetas conseguem uma expressão muito própria, peculiar.
Vale a pena conferir.

Isabel Furini é escritora e poeta premiada. Autora de “Os corvos de Van Gogh”, da editora VirtualBooks.
(Texto publicado na coluna Livros do ICNews).

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

CASOS AO ACASO - Novo livro de Benilson Toniolo


Tive a honra de prefaciar o livro “CASOS AO ACASO”, do contista e poeta Benilson Toniolo, publicado pela Literasas. O próprio leitor poderá perceber a fluência e o olhar do autor no conto que abre o livro – reprodução completa autorizada pelo autor:


A GALINHADA
Tudo começou porque a Laura, que não entrava na cozinha nem pra fritar ovo e não concebia o mundo sem uma cozinheira agregada às instituições familiares, resolveu preparar no almoço uma galinhada para a sogra, que em poucos dias chegaria de viagem. O Ednardo estranhou.
- Galinhada?
- Será que ela come?
- Bom, acho que come, não sei. Já vi mamãe comer frango de todo jeito, assado, frito, ensopado. Mas galinha?
- Pra mim é tudo a mesma coisa.
- Bom, isso sim. No mínimo, derivado. Mas não sei…
- Não sabe o quê?
- Essa, agora, de preparar galinhada pra mamãe. Você nunca foi disso…
- Fizeram uma outro dia, no escritório, e estava di-vi-na. Peguei a receita com a cozinheira e acho que consigo fazer. É tão simples, Ednardo!
- Não, quanto a você preparar a comida, tudo bem. A gente corre o risco. O que está estranho é você resolver fazer isso logo pra mamãe.
- Mas homem é tudo igual, mesmo. Uma hora você diz que sou antipática, não dou atenção pra sua mãe, não converso, não ligo pra ela. Quando eu resolvo dar uma inovada, acha estranho.
- Não, tudo bem, imagina. Estranho não é bem o termo. Diria… suspeito, talvez.
- Deixa disso, você me conhece. Sabe que sou assim mesmo.
- Certo, certo. Não, tudo bem. Assim mesmo.
***
- Galinhada? Sua mulher vai preparar uma galinhada pra mim?
- Pois é, mamãe. Não é ótimo?
- …
- Mamãe?
- Não sei, não, Nardo. Acho estranho. Sua mulher nunca foi com a minha cara, e agora vem com essa história de galinhada…
- Mamãe, você precisa ver a animação da Laura em fazer esta, digamos, homenagem pra senhora.
- Homenagem o quê, Nardo. Ela tá é de sacanagem. Inventou essa história pra me provocar, lembra aquela vez em que disse que me achava uma perua?
- Ela não falou isso, mamãe…
- Falou, sim, e logo no Salão de Beleza que eu freqüento. Mas caiu do cavalo, né? Nunca que ela ia adivinhar que eu sou cliente VIP daquele lugar, né, meu filho, e que as meninas me contam tudo o que acontece lá.
- Mas isso faz tanto tempo, mamãe.
- Para uma mágoa como essa o tempo não passa, Nardo. Eu que sei.
- Bom, mamãe, mas então é isso que eu queria te falar. Está feliz?
- Estou feliz porque vou estar com você e com meu netinho, e não estou nem aí pra galinha nenhuma. Nenhuma, ouviu bem?
- Também acho que vai ser maravilhoso, mamãe. Não esquece de ligar quando estiver chegando.
- Nardo, espera, deixa eu te falar uma coisa.
- Fala, mamãe.
- A Laura deu pra antropofagia, agora?
***
- Quanto eu compro de galinha, Nardo?
- Quê?
- A galinha, pra galinhada da sua mãe. Quanto eu compro?
- Depende do peso.
- Peso de quem? Da sua mãe ou da galinha?
- Pára, Laura, não começa.
- Brincadeira, ô, só pra te fazer tirar a cara de dentro dessa revista.
- Não faço a mínima idéia.
- Acho melhor perguntar pro cara do açougue, ou do supermercado.
- Laura, pelo que eu saiba, galinha se compra em avícola.
- Ednardo, em que mundo você vive, meu bem? Avícola? Avícola não existe mais, agora é tudo no Supermercado!
- Então vai no Supermercado, ué. E sei lá, compra dois quilos de galinha, talvez três, não sei.
- Com ou sem miúdos?
- Minha mãe gosta muito do coração de frango, compra com miúdos.
- Bom, neste caso é um miúdo só, porque galinha geralmente só tem um coração. Coração de galinha é igual a coração de frango?
- Deve ser, se são da mesma espécie, Laura. Vê aí, não sei quanto de galinha você vai comprar.
- Acho que vou telefonar e perguntar.
- Isso, querida, faça isso, ela vai adorar!
- Não pra sua mãe, Ednardo. Vou ligar pra cozinheira lá do escritório!
***
Um dia antes a mãe ligou dizendo que não poderia mais viajar, por conta de uma indisposição estomacal, e o médico havia recomendado, além do repouso, que ela não ingerisse frituras, sal em excesso e qualquer tipo de carne por tempo indeterminado. A Laura ainda tentou convencer o marido a viajarem até a casa da sogra e comer a galinhada lá mesmo, mas ele achou melhor não. Assim que desligou o telefone, o Ednardo foi até a geladeira, pegou uma cerveja e refestelou-se no sofá, sozinho, pra ver se descansava um pouco.
* Isabel Furini é escritora e poeta premiada, lançará o livro “Natal, viagens e fantasias”, em 12 de dezembro, 19 horas, no SESC Água Verde, Av. República Argentina, 944. Entrada franca.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lançamento Livro de Natal no SESC Água Verde


Convidados pela coordenadora cultural do SESC Água Verde, organizamos um evento especial para Natal com lançamento de livro de contos, exposição de arte, coral e cartões de Natal. ENTRADA FRANCA


EM 12 de DEZEMBRO, 19 horas, no SESC ÁGUA VERDE:

LANÇAMENTO DO LIVRO: "NATAL, VIAGENS E FANTASIAS"[/color][/b] organizado pela escritora Isabel Furini, com a participação dos alunos da oficina que ela ministra.

Prefácio de Marcelo Spalding.
Convidado especial: Rodrigo Domit.
Participam do livro: Alexandra Barcellos: Ana Paula Lemos Pinheiros, Eliziane Nicolao Lobo Pacheco, Fernando Botto, Luciana Souza, Luiza Guarezi, Susana Arceno Silveira, Silvia Maria de Araújo, Willians R. Mendonça. Contos em parceria: Adriana Menendez e Sonia Andrea Mazza.

CORAL THALIA – com repertório especial de músicas natalinas.

CARTÕES DE NATAL – das crianças do Erasto Gaertner.

EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS:

Arte digital de Carlos Zemek.
Pintura:

Alexandre de Paula, Carlos Zemek, Célia Dunker, Dirce Polli, Gustavo Cardoso Melo, Ilia Ruiz,  Jeffe Cor, J. Bonatto, Katia Velo, Mercedes Brandão, Neiva Passuello, Sandoval Tibúrcio, Valéria Sípoli, Vavá Diehl,  Jeffe Cor, Rosa Miller. Curadoria: Dirce Polli.

Escultura: Regina Tiscoski.

ENTRADA LIVRE
Esse belo quadro é da artistas plástica Katia Velo e fará parte da exposição do Natal do SESC Água Verde - Preço: R$ 180,00.

sábado, 24 de novembro de 2012

MEME MOI (Poema de Andréia Carvalho - quadro de Carlos Zemek)


O quadro "A planície Proibida" do artista plástico Carlos Zemek fará parte da exposição "Pensamentos de artistas" do Hotel Lucania,  Comodoro Rivadavia, Patagonia, Argentina.

MEME MOI
santo, santo, santo
dá-me a mesa de vidro
quatro patas na beira do mar
ancorada na areia
abduzida

dá-me santo corpo
alimento
alienígena

acima do transporte das enguias
o banquete de tuas cinzas
lascas nuvem epífitas

abaixo do intrincado altar
a convulsão da água
alga polvo arraia

tenho uma navalha na córnea
e o olfato de um cão
andando na luz

vê-me
manancial de raio
molécula
radar
neurônios bifurcando-se
cogumelos de néon
mastigando
em negrume
o músculo vítreo
de netuno
oblíquo

alquímico,
santo, santo
líquido

Do livro de poemas "Camafeu escarlate", de Andréia Carvalho, publicada pelo Lumme editor.


Quadros do artista plástico Carlos Zemek, os quadros estão a venda no ateliê do artista, na Al. Augusto Stellfeld, 357, Centro Filosófico Delfos. Informe-se pelo e-mail: cazemek@yahoo.com.br - Fone (Celular): 41-9831-2389.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

TEAR DO TEMPO -por Josette Garcia


"Traço meu destino, armado no tear do tempo, desenho e projeto bordados em cores vivas.
Ao vai-e-vem de agulhas e linhas deleito-me da beleza que se expõe obra-prima.
Faz-se a tela entre pontos breves, "rococós" e "rechelieurs", onde em busca do exercício da paciência, descubro respostas em paisagens dispersas em alvo tecido e, em quase harmônica sinfonia de "pontos-cruz", executo e bordo a vida".


A criadora do blogue,  Isabel Furini, e Josette Garcia na abertura da exposição "Imagens do Mundo", em 07 de novembro/12, no Estação Business School.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

Poesia na escola


Poesia!  Ela está voltando com força renovada. Poesia é sinônimo de emoção estética.  É a força da palavra usada para mexer com o emocional humano.
Ela nos leva pelo mundo mágico da imaginação, dos jogos linguísticos, das ideias escritas com rima, com ritmo.

A poesia não é somente fruto do significado, mas também do significante.

E as figuras de estilo são importantíssimas para criar um texto interessante. Um texto que capture o leitor. Atualmente, as figuras de estilo são assunto de estudo em cursos de redação publicitária, de propaganda e de marketing. As figuras de estilo aumentam a expressividade, a emoção do texto.  E todos os poetas queremos escrever e ouvir textos que entusiasmem, com palavras que energizem as ideias.

Geralmente, consideramos três tipos de poemas: lírico, dramático e épico. O lírico possui ritmo e musicalidade e está relacionado à música. É devemos lembrar que as crianças gostam de música, de canto, de declamar poemas, de brincar com palavras e escrever poemas.

Por isso, as aulas de poesia para crianças devem ser lúdicas. Confesso que pensei muito nesse assunto ao escrever o livro "O grande poeta – figuras de estilo e poemas divertidos", publicado pela Matrix editora - http://www.matrixeditora.com.br/



O livro "O grande poeta" da Matrix editora é um livro que diverte enquanto ensina como escrever poemas.  As crianças vão aprendendo as figuras de estilo enquanto brincam com as palavras. Crianças gostam do jogo linguístico.   O aprendizado não pode ser rígido nem cansativo. Os alunos necessitam divertir-se, brincar  com palavras e ideias. Podemos dizer que as crianças gostam de poetizar.

Na realidade não ensinamos a escrever poesia, só orientamos. Cada criança terá uma reação diferente. O educador deve respeitar essas diferenças.

É  necessário fazer ênfase nos efeitos de sonoridade, de imagens, de movimento.  A finalidade das aulas de poesia para crianças é despertar o espírito poético. Estimular o gosto pela poesia. Não podemos esperar que todos sejam poetas, mas que apreciem ler poemas, declamar, escrever.

A poesia para crianças pode começar com "jogo de palavras". O educador coloca uma lista de palavras que rimem e solicita que os alunos criem poemas com essas palavras.

Outros estímulos também podem servir para criar poemas. Por exemplo: falar sobre a metáfora e solicitar aos alunos que escrevam metáforas.  Depois  elaborar o poema baseando-se em alguma metáfora. É preciso dar liberdade.

Alguns alunos farão poemas de pequenos de dois versos (dísticos) enquanto outros escreverão poemas longos. O professor deve estimular a produção poética e entender que alguns alunos terão mais capacidade criativa. O trabalho não é julgar os poemas, mas estimular a criação poética.

O livro "O grande poeta" que publiquei pela Matrix editora é um guia para que os pequenos possam entender essa arte maravilhosa, que é a arte poética.

Isabel Furini é escritora e poeta premiada. Contato: isabelfurini@hotmail.com

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Escritor Paranaense receberá prêmio literário na ABL


No dia 26 de outubro, sexta-feira, o escritor paranaense Rodrigo Domit estará na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, para receber o diploma de terceiro lugar obtido pelo seu livro Colcha de Retalhos no Prêmio Humberto de Campos, promovido pela União Brasileira de Escritores.

Rodrigo Domit nasceu em Curitiba, foi criado em Londrina e reside atualmente no Rio de Janeiro. O Colcha de Retalhos, seu segundo livro, é composto por 73 textos curtos - entre contos, crônicas e prosas poéticas - e já havia sido finalista do Prêmio Nacional SESC de Literatura, em 2008, e vencedor do Prêmio Utopia de Literatura, em 2010.

O livro foi lançado em eventos em Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Uberlândia, Uberaba e Sinop.

A versão digital da obra está disponível para leitura online e para download, com um sistema de distribuição peculiar: o leitor decide se quer pagar pela obra e, se optar por realizar o pagamento, também decide qual valor.

Os interessados em saber mais sobre a obra e o autor podem acessar o seguinte site: http://e-bookcolchaderetalhos.blogspot.com


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

BIÓLOGO LANÇA LIVRO INFANTIL SOBRE OS BICHOS DO JARDIM


Formigas, joaninhas, minhocas, borboletas, libélulas e uma variedade de outros bichos. Todo mundo já deve ter observado algum deles em ambientes de jardim, seja no quintal de casa, nas praças ou parques. Alguns são até bonitos e atrativos, já outros, podem ser feios e assustadores, principalmente para as crianças.

Com o objetivo de tornar esse universo um pouco mais divertido, o biólogo Humberto Conzo Junior está lançando o livro “Descobrindo os bichos do jardim” (Matrix Editora). A obra é um guia perfeito para quem gosta de observar esses bichinhos e para quem deseja descobrir o mundo de aventuras e surpresas que um jardim pode reservar.

Segundo o autor, o livro é indicado para crianças de todas as idades e até para os mais crescidos que ainda mantêm o entusiasmo diante dos encantos da natureza. “Respeitando o modo como eles vivem e conhecendo mais sobre eles, podemos interagir sem medo, sem nos machucar e sem machucá-los”, explica Conzo.

Com ilustrações de Bernadita Uhart, o livro é um verdadeiro convite para as crianças se aproximarem mais da natureza e aprenderem sobre as peculiaridades e curiosidades de casa bicho presente no jardim.

Sobre o autor:
Humberto Conzo Junior nasceu em São Paulo em 1973. Desde criança brincava com insetos e, como sempre gostou de estudar, formou-se em Biologia e em História pela USP. Aos 14 anos começou a fazer poesia e, aos 16, lançou seu primeiro livro, Tudo ou Nada. É autor do texto do livro Abecedário de Aves Brasileiras, de Geraldo Valério. Em 2011 lançou o livro Bichos Sinistros, que fala sobre ratos, baratas, aranhas e escorpiões. Este é seu primeiro trabalho pela Matrix Editora. Mantém também o Blog das Pragas, em que apresenta dicas e curiosidades sobre os bichos que costumam invadir nossas casas: http://blogdaspragas.blogspot.com

Sobre a Matrix Editora:
Em seu catálogo de autores constam nomes como Millôr Fernandes e Steve Martin, além de best-sellers como “Proibido para Maiores” e “Mothern – Manual da mãe moderna”.

Descobrindo os bichos do jardim
40 páginas

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Certos guardados


Numa prateleira, abrigo a compoteira
que minha mãe ganhou em suas núpcias.
Tem cores múltiplas e uns motivos chineses.
Guardo nela um chumaço de saudade, cacos de vida,
um certo abraço, uma foto esmaecida, guloseimas.
Algumas vezes, pequenas teimas
e uma pálida esperança que trago comigo da mais tenra idade.
Também um sonho que persigo desde antigamente.
Afora uma lembrança impertinente que não vai embora.

Wanderlino Teixeira Leite Netto



sábado, 6 de outubro de 2012

Resultado do 4 Concurso Poetizar o Mundo


Poema Inspirado no quadro "Um olho no universo"  do artista plástico Carlos Zemek.
Essa obra foi adquirida pela escritora Susana Arceno Silveira, de Curitiba, PR.




1º Lugar: Andressa Barichello - Curitiba, PR, Brasil.

 UNIVERSO EM UM OLHAR

Um olho no universo
Olho de sol
Olhar de lua
Uni-verso imerso
na retina tua.

************************************************************
Poema inspirado no quadro "A Fronteira do Universo", de Carlos Zemek.


2º Lugar: Renata de Aragão Lopes, de Juiz de Fora, MG. Brasil

ESTRELAS

Espia, que o céu é comprido.
Confia, que o céu não tem fim.
Satélites mostram galáxias.
Quantas estão no camarim?




*****************************************************************************

Poema inspirado no quadro "A Fronteira do Universo", de Carlos Zemek.






3º Lugar: :    André Luís Soares  - Guarapari, ES, Brasil.

FRONTEIRA DO UNIVERSO

Na fronteira do universo
– lá onde findam os céus –
tem-se o tributo derradeiro:
duas moedas pro barqueiro...
adeus!

**************************************************
MENÇÕES HONROSAS
Tela do artista plástico Carlos Zemek: "Os Andes e o Mar".




4° Lugar: Zenaide Alós Guimarães Abati - Porto Alegre, RS, Brasil.


É PRECISO


É preciso ser mar

Para entender a saudade

Da onda.


************************************************************************************************************************


Inspirado na tela:Em Um Mar Alienígena, de Carlos Zemek








5º Lugar Janaina Santos Barroso - São Bernardo do Campo, SP, Brasil.


PLANCTONS E ESTRELAS

No fundo e escuro desconhecido

Reinam os fugitivos da areia

Estranhos somos nós

Aos olhos dos homens-sereia...



************************************************************
Tela: As quatro irmãs gêmeas, do artista plástico Carlos Zemek.







6º Lugar: Cleomâncio Inácio Miranda, São Paulo, Brasil.


DANÇA ÀS MARIAS

De nome céu, um berço embala quatro irmãs iguais.

Eis que uma dança, a esmo, alumiando as demais.

Agora mais que companhia, ela é quem guia as três Marias:

Se torna delas mãe e pai.



******************************************
Poema inspirado na tela: A Fronteira do Universo




7º Lugar: Rosana Banharoli, Santo André, São Paulo, Brasil.

FIO DE ARIADNE

No Firmamento, estrelas choram vidas.
Enquanto no Sibilino, a temporalidade cósmica dança.
Já,  aqui na Terra, perscruto fronteiras
            a juntar os fragmentos
destes    inícios  que  me     constroem.




********************************************




Poema inspirado na tela: A montanha e o mar, do artista plástico Carlos Zemek.





8º Lugar: Tiago Luz - Rio de Janeiro, Brasil.


A Montanha: (a)Mar
Pacíficas, as águas me beijam:
Íntima carícia de quem ama.
E grão por grão, escorre meu coração
No infinito azul desta dama...
Eu, a montanha: um vulcão!


******************************************************************


Poema inspirado na obra do artista plástico Carlos Zemek:




9º Lugar: João Baptista Coelho - Domingos de Rana, Portugal.

RETRATO DE UM PINTOR

Zemek, na pintura, um outro mundo
que nos transporta além da obra artística.
Um conceito novo e bem profundo
da Vida aonde o sonho é mais fecundo
pois ultrapassa, até, a própria mística.


*******************************************************

Inspirado na obra: Formas de Vida, do artista plástico Carlos Zemek






10º Lugar : Sonia Andrea Mazza, Buenos Aires, Argentina.

CRIAÇÃO

Por um lado o caos,
por outro, a harmonia,
e no âmago
como recém nascida
a própria vida

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

COMO ESCREVER LIVROS DE CONTOS E CRÔNICAS?


                Recebi um e-mail de um leitor que deseja escrever um livro, mas não consegue definir se seus textos são contos ou crônica. Nada de estranho com isso, pois na atualidade diferenciar um conto de uma crônica é uma tarefa difícil.
Não é raro confundir os dois gêneros. Isso acontece muito e provoca longos debates em concursos literários. Porque enquanto alguns consideram que a crônica deve ser simples, tão simples que qualquer elemento enriquecedor tira a sua característica de crônica, outros acham que a crônica é um gênero oceânico, permite qualquer tipo de abordagem.
Mas, ao final quais são as características de um bom conto? O conto, como qualquer texto ficcional, cria um universo paralelo. E esse universo deve ser plausível. Alguns dizem que um bom conto é aquele que o leitor lê sem parar, quase sem respirar. Um conto precisa de uma narrativa intensa, de tensão. No conto tudo se encaminha para o desfecho, o escritor não tem tempo de tratar assuntos laterais. O conto é curto e condensado.
Em “O Livro do Escritor” (editora Instituto Memória, 2009), ao analisar os contos falei: “Escrever contos é uma boa opção para iniciantes. O trabalho conclui-se mais rápido. A ansiedade termina em pouco tempo. Isso pode criar a falsa ideia de que escrever um conto é uma tarefa menor: talvez insignificante. Critério errado. A estrutura do conto não é mais simples que a do romance. É diferente. Escrever um bom conto é difícil.

E a crônica? Já foi considerado um gênero híbrido por flutuar entre a literatura e o jornalismo. A crônica tem pontos em comum com o conto. As duas são narrativas curtas. Além disso, a crônica também admite personagens, o que a torna muito semelhante ao conto.

Então, quais são as diferenças? Enquanto o conto admite enredos infinitos, a crônica focaliza assuntos cotidianos. O conto admite vários incidentes. A crônica, só um incidente. A característica marcante da crônica é o ponto de vista, a opinião, o comentário, elementos que podem prejudicar um bom conto.

Desse modo, podemos concluir que conto e crônica não são gêmeos univitelinos. E o que exigem do escritor? O conto exige unidade, além de criatividade. Já a crônica exige o poder de observação. O cronista é bom observador e um bom ouvinte. Ele escuta frases, fragmentos de conversas na rua, na fila de banco, no restaurante. Como falou Rubem Braga, o cronista olha o mundo com os olhos de um poeta ou de um bêbado.

Uma característica: os dois gêneros parecem fáceis de trabalhar. Como são gêneros rápidos, dão a falsa impressão de que é só sentar ao computador e é possível escrever crônicas e contos excelentes. Mas não é assim. Esses estilos requerem análise microscópica. É preciso, depois de  escrever, trabalhar cada parágrafo, cada frase.

Como fala o aforismo: a crítica é fácil, a arte é difícil.

Isabel Furini é escritora e poetisa premiada.

sábado, 29 de setembro de 2012

Poema Ítaca de Konstantinos Kaváfis


Isso é escrever poesia, meus leitores, esse poeta é rei na arte da poesia, vejam:

Konstantinos Kaváfis

ÍTACA

Se partires um dia rumo a Ítaca
faz votos de que o caminho seja longo,
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o colérico Posídon te intimidem;
eles no teu caminho jamais encontrarás
se altivo for teu pensamento, se sutil
emoção teu corpo e teu espírito tocar.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o bravio Posídon hás de ver,
se tu mesmo não os levares dentro da alma,
se tua alma não os puser diante de ti.
Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
nas quais, com que prazer, com que alegria,
tu hás de entrar pela primeira vez um porto
para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir:
madrepérolas, corais, âmbares, ébanos,
e perfumes sensuais de toda espécie,
quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrina
para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares na jornada
e fundeares na ilha velho enfim,
rico de quanto ganhaste no caminho,
sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
e agora sabes o que significam Ítacas.


Ânfora de Terracota, 400 a.C., Grécia.

domingo, 23 de setembro de 2012

Tiempos y distancias (poema de Marcelino Alvarado)


Desde mi costa salobre
y soñadora
despegan sentimientos
de colores
que compiten en vuelo
con tus sueños,
y se encuentran en un campo
de nubes y silencios...
Sólo el tacto, tu boca,
tu mirada...
sobran las palabras
y el misterio
se adueña de otros tiempos,
que tejieron... en minutos,
una bella sinfonía de recuerdos.

Estas aquí,
estoy contigo,
quiero dibujar tus pasos en mi arena...
quiero ser sombra acompañando tu camino,
quiero ser voz callada en la memoria
y senir tu susurro dentro mío.

Marcelino Alvarado es periodista, poeta y escritor.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

José Domingos de Brito (entrevista)



Nosso entrevistado é José Domingos de Brito, brasileiro, 60 anos, bibliotecário e colecionador de entrevistas de escritores consagrados desde o início dos anos 1980. Brito é o criador do site Tiro de Letra, os Mistérios da criação Literária. Organizador dos livros"Por que escrevo", "Como escrevo", "Literatura e jornalismo", "Literatura e ciência", "Literatura e cinema".

1)      Qual o critério para colecionar as entrevistas?

O único critério é ser entrevista de escritor, particularmente, os literatos. Como sou bibliotecário, minha tendência é ser exaustivo. Até escritor pouco conhecido entra na coleção. Quem sabe, o cara fica famoso depois e eu já tenho suas primeiras entrevistas. Dos famosos, o propósito é ter todas as entrevistas. Se encontrasse algum patrocínio, gostaria de escanear todas e colocá-las à disposição na Internet. Enquanto não encontro, vou colocando no site as que posso, e já tenho lá um lote bem interessante de entrevistas do Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Mario de Andrade, Érico Veríssimo, Clarice Lispector etc. Dos estrangeiros, temos lá Julio Verne, Truman Capote, Hemingway, Garcia Lorca, Ezra Pound e muitos outros.    

2)      Quando e por que começou a colecionar entrevistas de escritores?

Foi em meados da década de 1970. Após um primeiro encontro que tive com Darcy Ribeiro, em Lima (Peru), quis conhecê-lo melhor e passei a procurar suas entrevistas. Reuni umas 50 e no processo de busca deparei com muitas entrevistas de escritores. Como é um gênero que aprecio bastante, passei a colecioná-las.   

3)      Brito o seu site é um verdadeiro tesouro para os novos escritores que navegam nas dificeis águas da criação literária com medo de naufragar. Como surgiu a ideia do site?

Quando minha coleção de entrevistas com escritores chegou a 2 mil, vi que a pergunta “por que você escreve?” era muito recorrente, e passei a colecionar as respostas. Em seguida verifiquei que a pergunta “Como você escreve?” também era muito freqüente, e iniciei outra coleção com as respostas. Nos dois casos, o que detonou mesmo o inicio destas coleções de respostas foi encontrar um livro francês, em 1985, intitulado “Porquoi écrivez-vouz”, editado pelo editores do jornal “Liberation”, contendo mais de 400 respostas. Você não imagina a minha surpresa e contentamento em encontrar tantas respostas de uma só vez. Assim, publiquei, em 1999, “Por que escrevo?”, o 1º volume dos Mistérios da Criação Literária, com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Poucos anos depois sou novamente surpreendido com outro livro encontrado num sebo, publicado em 1937, intitulado “Comment ils écrivent”, contendo 50 respostas à essa pergunta. Pensei: alguma coisa está me empurrando para estas coleções. E assim, juntando com mais de 50 respostas que eu já tinha, publiquei, em 2006, o 2º volume: “Como escrevo”. Mas, bem antes, em 1995, eu tinha um amigo com um site www.capivara.com.br dedicado ao entretenimento e  literatura. Conversamos sobre a inclusão no site destas duas coleções de respostas e assim foi feito, aumentando substancialmente o número de visitas ao site.

O meu site “Tiro de letra” eu só vim a criá-lo em 2007, contendo estas respostas, bem como os depoimentos dos escritores sobre as relações da literatura com outras áreas: jornalismo, cinema, política, religião, música, psicanálise etc. O empurrão decisivo para feitura do site foi o apoio que eu recebi, de novo, da Secretaria de Cultura para a edição da coleção Mistérios da Criação Literária, em 5 volumes (1 - Por que escrevo?, 2 – Como escrevo?, 3 – Literatura e jornalismo, 4 – Literatura e Cinema, 5 – Literatura e política).  Como incremento editorial, acrescentei, além dos depoimentos dos escritores, uma ampla bibliografia sobre os temas enfocados em cada volume. Hoje todo esse material está disponível no site, além de informações úteis aos escritores e, particularmente, aos iniciantes.             


4)      Você gosta de escrever? Sobre que assuntos escreve?

Não sou escritor literato; não tenho o dom da imaginação artística para criar personagens e situações, mas gosto de escrever. Ultimamente venho exercitando essa prática através de relatos pessoais e familiar. Mantenho no site duas séries memorialísticas: A grande família, um relato cronológico da história da minha família (http://www.tirodeletra.com.br/contos/Cerimoniadeumcasamento.htm), e outra: Biografia profissional  (http://www.tirodeletra.com.br/contos/BiografiaProfissional-Capa.htm), relatando todos os empregos que tive até agora. Nas duas séries eu assino Cícero da Mata devido ao fato de não me assumir como escritor e, também, para dar a impressão que o site não é feito por uma só pessoa. Com isso espero estimular outras pessoas a mandarem colaborações para o site. Até agora não são muitas as contribuições, mas têm vindo.  Respondendo sua pergunta, o que mais tem me envolvido no trabalho de escrever é o caráter memorialístico. Gosto, também, de especular sobre a criação literária, e tenho escrito alguns textos perguntando se Nietzsche foi um literato-filósofo ou foi um filósofo-literato; se Glauber Rocha foi um cineasta-literato ou literato-cineasta; se Darcy Ribeiro foi literato-antropólogo ou antropólogo-literato e assim por diante com autores como Gilberto Freyre, Sartre, Euclides da Cunha e Umberto Eco. Estas especulações estão lá no site assinadas por Euclides Dourado, um nome que arrumei para passar a idéia de mais colaboradores. O único texto que eu assino com meu nome é o relato dos encontros que tive com Darcy Ribeiro nas décadas de 70, 80 e 90 (http://www.tirodeletra.com.br/contos/EncontroscDarcyRibeiro.htm). Para não dizer que nunca me atrevi a escrever literatura, há uns 5 anos fiz uma mistura de conto e crônica sobre a vida de um “Cão carioca” (http://www.tirodeletra.com.br/ensaios/Paixaocanina.htm) e mandei para um concurso realizado pelo jornal “”O Globo”. Não fui contemplado, o que me certifica que esta não é minha praia. 
   
5)      Seu objetivo ao publicar as entrevistas é guiar os novos escritores ou, como bibliotecário, realizar um trabalho para organizar o material de entrevistas para consulta?

Digamos que estas duas finalidades se complementam. Como bibliotecário, quero dispor desse material ao público. É um material publicado em jornais e revistas, que logo se perdem. Assim faço um trabalho de resgate e divulgação mais ampla desse material.  Porém, está claro que se trata de um tipo de publicação muito útil para os novos escritores.

6)      Pode citar os títulos de seus livros  preferidos?

Gosto muito do José J. Veiga, com quem tive contatos e me correspondi na década de 1980 e 1990. Tenho todos seus livros autografados. Gosto também do José Saramago, que, coincidentemente, foi introduzido no Brasil pelo Veiga; das crônicas do Rubem Braga e das memórias do Pedro Nava. Mas falando de livros preferidos, tem o Memórias de Adriano, da Marguerite Yourcenar; A sangue frio, de Truman Capote e as biografias de Chatô, de Fernando Morais  e Garrincha, de Ruy Castro.  Como você vê aprecio o estilo despojado de escrever, do escrever como se fala, da biografia, do memorialístico, da grande reportagem. No momento estou lendo as “reportagens” de Laurentino Gomes: 1808, 1822 e aguardando 1888. 


7) Entre os novos autores quais estão se projetando nacionalmente com mais força?

São tantos não é? Com a facilidade da Internet, os blogs, a proliferação de oficinas literárias. Tudo isso vai resultar numa boa safra de novos escritores. Mas tem uns que já estão se tornando conhecidos do grande público, como o Fabrício Carpinejar, Daniel Galera e Marcelino Freire. Temos também o Ronaldo Correia de Brito, que não é tão novato e lançou  o excelente romance Galiléia (Alfaguara, 2008); o Marcelo Moraes Caetano, meu amigo e colaborador do site, que vem escrevendo copiosamente em diversos sites e atualmente é o ghost writer da Elke Maravilha (estão escrevendo uma biografia) e o Jorge Fernando dos Santos, outro colaborador do nosso site, que também não é novato e lançou recentemente a coletânea de contos Caminhante noturno (2010) pela editora Terceira Margem. 

8)  Das entrevistas que já leu quais achou mais interessantes?

Todas as entrevistas publicadas pela revista Paris Review e republicadas em livro pela editora Companhia das Letras (Os escritores, 1988 e Os escritores 2, 1889). São mais de 30 “monstros sagrados” da literatura universal esmiuçados em longas entrevistas. No plano nacional, temos as entrevistas comandadas por Homero Senna, publicadas pela editora Civilização Brasileira (Republica das letras, 3ed. 1996) e três volumes de entrevistas comandadas por Silveira Peixoto nas décadas de 1930 e 1940, publicadas pela Secretaria de Cultura de São Paulo. São mais de 60 entrevistas de quase todos os escritores brasileiros importantes da época. No entanto, as mais interessantes são aquelas de escritores que não gostam de dar entrevista, como Guimarães Rosa. Tenho 5 entrevistas dele, duas das quais estão publicadas no site.  


9)  Qual é respostas dos leitores do site Tiro de Letra?

São as mais diversas possíveis. Tenho recebidos apoios e elogios esfuziantes de apreciadores da literatura; pedidos de endereço de escritores; propostas de edição de textos de escritores iniciantes e umas poucas propostas de colaboração. Espero que com essa entrevista o número de colaboradores se amplie.   

10) Pelo que você fala, vemos que o site é mantido só por você e sem patrocínio ou publicidade alguma. Diante disso, quais as perspectivas de manutenção do site.


Pois é, do jeito que está não pode continuar. Agora ando correndo atrás do lançamento do vol. 6 da obra Mistérios da criação literária. Neste volume vamos enfocar as relações da Literatura com Música. Estou apostando neste lançamento como forma de dar maior visibilidade ao site e a obra. Vejamos se é possível. Mas em seguida vou promover uma mudança no site, que hoje está parecendo uma "bodega literária" de beira de estrada. Esta aparência foi proposital, mas hoje vejo que está um pouco desorganizada. Temos alguns bons produtos que precisam ser melhor expostos. Preciso encontrar um bom webdesinger para me ajudar a fazer isto, mas esbarro sempre na falta de recursos. Como bodega, preciso também monetizar alguns serviços para angariar fundos. Vamos instalar uma "lojinha" para vender os volumes, prestar alguns serviços e tentar conseguir alguma publicidade. Em março o site completa 3 anos que está no ar, e precisa ser profissionalizado para seguir adiante. Vejo que existe condições objetivas para isso, pois conta com 15 a 20 mil visitas/mês. Por outro lado, eu não sou propriamente um cara versado nas artes&manhas da  Internet e da informática. Sou aprendiz, mas vamos engatinhado com a ajuda de amigos amantes da literatura. Enfim, esse é o ano da virada.  

domingo, 16 de setembro de 2012

A fachada e os fundos" (Resenha)


Recebi o livro de poemas de Edson Falcão, “A fachada e os fundos”, editado pela dezoito zero um cultura e arte, em 2010. É um livro com 44 poemas de cunho contemporâneo, que parece dar olhares de relances sobre o homem inserido no meio urbano. Perdido talvez, entre o mundo subjetivo e o império da objetividade que o obriga a afastar os olhos de si mesmo e focá-los no exterior.

No poema “Não sei quando” fala: “Não sei quando/ o mundo/ nasceu intencionalmente/ sei que pode ter nascido materialmente/ lá no quintal de casa/ há dez anos e cento e oitenta poemas/ mais ou menos”.  Imediatamente o poeta tenta entender a sua realidade e continua dizendo na segunda estrofe: “cheguei munido de textos/ carne osso e significados/ história dentro de histórias (...)”.

Sua poética não tem metáforas simples, nem flores no vergel. É a poética dos jovens que nasceram depois que os ideais dos hippies se transformaram em cinzas. Receberam como herança um mundo consumista, onde o poeta parece não ter lugar. É a solidão sem palavras procurando ecoar em alguém: “o que você talvez espere/ é algo como as marcas do calendário/ que estão a sua espera”. Parece a síntese das horas monótonas e vazias. Só marcas no calendário.

Na introdução, o jornalista, escritor e poeta Jaques M. Brand fala no prefácio que Edson Falcão tem “legitimidade para interessar o leitor que busca, fora da feira literária das vaidades, o fazer poético autêntico”. Ou seja, Edson Falcão é um autêntico poeta, que não escreve só para ser aplaudido, nem satisfazer a vaidade do ego, escreve como todo autêntico poeta, por necessidade de expressão. Poeta escreve da mesma maneira que respira, instintivamente, para não morrer.

Na visão de Jaques M. Brand, com esse livro, “encontramos o artista no inteiro domínio dos seus meios, a ingressar na fase em que se dispensam os mestres...”. Edson nasceu em 1979, em Pitanga, Paraná, e é um poeta jovem estruturando o próprio caminho. Vejamos o poema “O rato que rói meu rosto – 2”:
um homem vindo do interior
cuida de seu interior
como a moça cuida do quarto de seda
guarda segredos como louça
grosso mar de palavras
nexo para usar em casa

 de vez em quando fala e inventa coisas

Resenha publicada no ICNews - coluna Livros de Isabel Furini.

domingo, 2 de setembro de 2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

AFINAL O QUE É CRÔNICA?



Crônica é um texto curto, uma reflexão sobre acontecimentos, palavras, imagens. Uma reflexão sobre a vida. Pode focar o homem e suas escolhas, relacionamentos, atitudes, gestos, palavras e ações. 
A crônica já foi chamada de gênero aberto, despojado, arrojado, irreverente, invasivo, fofoqueiro e até safado. 

A matéria de jornal informa os fatos que acontecem no dia, ou nos últimos dias, enquanto a crônica é o olhar sobre o fato, é a reflexão, é a leitura de fatos sob um ponto de vista pessoal. Então, já vamos descobrindo quem tem vocação para o gênero, quem gosta de opinar, de comentar, de questionar.

Caracteriza-se pela oralidade da linguagem, por isso precisa de certa sensibilidade para não cair nas frases grosseiras, pois grosseria não faz parte desse gênero. A crônica exige sutileza.

Para escrever uma boa crônica, os comentários, a visão original, a frase inesperada, a poesia e a estética precisam estar presentes. O escritor tem a necessidade de comunicar sua visão do mundo, mas deve fazê-lo com arte.

Poesia e estética dão asas ao texto – que às vezes parece voar, ou cair na realidade que se esconde além das palavras. Se você escrever um texto que, entre risos, sorrisos ou reflexões, consiga voar, mas sem ter as asas transparentes, nem rima, nem a linguagem abstrata dos poemas, poderá chamar isso de crônica.

A crônica sai do jornal e se torna literatura. Literatura mesmo? Literatura, às vezes considerada um gênero menor, digamos, a caçula das obras literárias. O ritmo, as metáforas, as palavras de impacto, as imagens, a visão pessoal e a frase ou o feche inesperado fortalecem a crônica.

Isabel Furini é escritora e poeta premiada.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...