terça-feira, 23 de junho de 2015

Como Escrever Livros para crianças? cConheça 5 ganchos literários



O que chama a atenção de uma criança? Por que ela fala para os pais, avós ou tios de seu desejo de ler um determinado livro? Pois bem, muitos fatores interferem na leitura de um livro infantil, entre eles, a capa, a história, a habilidade do escritor. 

1º) CAPA: Um dos ganchos para chamar a atenção das crianças depende da capacidade do ilustrador, pois é a capa. O livro infantil precisa de ilustrações que chamem a atenção das crianças. E até adultos gostam de ilustrações, desenhos e lindas capas. Para comprovar isso é suficiente olhar as capas da lista dos mais vendidos, a maioria são muito bem elaboradas. 
As editoras enfatizam que para um livro infantil é necessário tanto um bom escritor quanto um bom ilustrador. 

2º) TÍTULO: Outro gancho importe é o título. Títulos bem escolhidos aumentam as chances de venda. Por exemplo, quem não amou títulos como: Diário de um Banana de Jeff Kinney, Bisa Bia, Bisa Bel de Ana Maria Machado? Por que só as Princesas se Dão Bem? De Thalita Rebouças, O Coelhinho que Não Era de Páscoa de Ruth Rocha,. 

3º) ENREDO: E não podemos esquecer de um gancho importantíssimo: um bom enredo. Um enredo que desperte o interesse da criança. Um bom livro infantil tem diversão e emoção. 

4º) LINGUAGEM. Um livro escrito com a linguagem que as crianças gostam tem chances de agradar. Linguagem sofisticada é bom para livros de adultos, mas para livros infantis a linguagem precisa ser clara, familiar, divertida. 

5º) PERSONAGENS MARCANTES: Quem não lembra da "Turma da Mônica"? Do Harry Potter? Do Pinóquio? Da Cinderela? Personagens marcantes conseguem leitores cativos. É tanto o interesse que o personagem desperta que os pequenos leitores se sentem parte da história. 
Texto de Isabel Furini 


Para falar desses e outros assuntos relacionados com o livro infantil será realizada a partir de 07 de julho, no Solar do Rosário, Curitiba, Fone (41) 3225-6232, a oficina COMO ESCREVER LIVROS PARA CRIANÇAS – para adultos que desejam ser autores de livros infantis. 

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Conto e Crônica - Gêmeos Univitelinos? por Isabel Furini




CONTO E CRÔNICA:

GÊMEOS UNIVITELINOS?


Conto e crônica são considerados gêneros de fácil execução, por isso atraem os principiantes. Em “O Livro do Escritor” (editora Instituto Memória, 2009), ao analisar os contos falei: “Escrever contos é uma boa opção para iniciantes. O trabalho conclui-se mais rápido. A ansiedade termina em pouco tempo. Isso pode criar a falsa ideia de que escrever um conto é uma tarefa menor: talvez insignificante. Critério errado. A estrutura do conto não é mais simples que a do romance. É diferente. Escrever um bom conto é difícil.

Mas, ao final quais são as características de um bom conto? O conto, como qualquer texto ficcional, cria um universo paralelo. E esse universo deve ser plausível. Alguns dizem que um bom conto é aquele que o leitor lê sem parar, quase sem respirar. Um conto precisa de uma narrativa intensa, de tensão. No conto tudo se encaminha para o desfecho, o escritor não tem tempo de tratar assuntos laterais. O conto é curto e condensado.

Cortázar dizia: “O conto está para a fotografia como o romance está para o cinema”. Mas, o que é importante numa fotografia? Para fazer uma fotografia artística é preciso determinar vários elementos, entre eles, enquadramento, luz, definição, proximidade. Pois bem, o mesmo acontece com o conto. Exige enquadramento, ou seja, limitação do assunto, de personagens e de ambiente. Assim como um fotógrafo, o contista se pergunta qual será o melhor efeito, se deve iluminar mais a figura central ou iluminar um lado e deixar o outro `as escuras. Qual ângulo dará a melhor perspectiva? Qual dará mais profundidade? No conto, a perspectiva do personagem, a profundidade que pode alcançar, são elementos que enriquecem a narrativa.

E a crônica? Já foi considerado um gênero híbrido por flutuar entre a literatura e o jornalismo. A crônica tem pontos em comum com o conto. As duas são narrativas curtas. Além disso, a crônica também admite personagens, o que a torna muito semelhante ao conto.

Então, quais são as diferenças? Enquanto o conto admite enredos infinitos, a crônica focaliza assuntos cotidianos. O conto admite vários incidentes. A crônica, só um incidente. A característica marcante da crônica é o ponto de vista, a opinião, o comentário, elementos que o conto dispensa. Não é raro confundir os dois gêneros. Isso acontece muito e provoca longos debates em concursos literários. Porque enquanto alguns consideram que a crônica deve ser simples, tão simples que qualquer elemento enriquecedor tira a sua característica de crônica, outros acham que a crônica é um gênero oceânico, permite qualquer tipo de abordagem.

Desse modo, podemos concluir que conto e crônica não são gêmeos univitelinos. E o que exigem do escritor? O conto exige unidade, além de criatividade. Já a crônica exige o poder de observação. O cronista é um ouvinte. Ele escuta frases, fragmentos de conversas na rua, na fila de banco, no restaurante. Como falou Rubem Braga, o cronista olha o mundo com os olhos de um poeta ou de um bêbado.

Uma característica: os dois gêneros parecem fáceis de trabalhar. Como são gêneros rápidos, dão a falsa impressão de que é só sentar ao computador e é possível escrever crônicas e contos excelente. Mas não é assim. Esses estilos requerem análise microscópica. É preciso, depois de escrever, trabalhar cada parágrafo, cada frase.

Como diz o aforismo: a crítica é fácil, a arte é difícil.

Isabel Furini



Eu sou professor e você?


sábado, 18 de outubro de 2014

"A Leitura em Sua Vida" - resumo da palestra da professora Katia Velo

A professora Katia Velo teve a seu cargo a palestra "A Leitura em Sua Vida"  direcionada aos professores e pedagogos da Rede Municipal de Ensino de SJP e teve o objetivo de sensibilizar o público para o tema da FEMULI. 

A palestra teve como fio condutor compreender o processo e resgatar o prazer da leitura, pois, de acordo com Katia Velo, a leitura de um bom livro tem um efeito transformador, capaz de fazer uma revolução em nossa forma de pensar e, consequentemente, na nossa maneira de agir. A palestrante destacou que, inicialmente, ao elaborar sua apresentação, havia seguido pesquisas de estudiosos sobre a importância de ler, fez levantamentos empíricos, técnicas de leituras, etc. No entanto, após estes levantamentos, Katia Velo sentiu que não conseguiria sensibilizar a plateia para o principal foco do tema da FEMULI "A Leitura em Sua Vida."Após refletir, mudou radicalmente sua pesquisa e definiu sua palestra pontuando quatro pilares: A IMAGEM EM NOSSAS VIDAS; A NOSSA VONTADE E NECESSIDADE DE OUVIR E CONTAR HISTÓRIAS; A NOSSA NECESSIDADE DE REGISTRAR HISTÓRIAS e A LEITURA EM NOSSAS VIDAS, ou seja, demonstrando que há uma trajetória até chegarmos ao ato da leitura, que segundo ela é ver, contar, registrar e ler. 

Na primeira etapa, "A IMAGEM EM NOSSAS VIDAS", a abordagem foi sobre a influência, a qualidade e quantidade de imagens que envolvem a nossa percepção de mundo e de nós mesmos. A palestrante abordou temas relacionados à história da Arte, fotografia, pintura, escultura, cinema, TV e a internet. "Ler é interpretar o mundo através da alma. Ler é viver. Ler é compreender as letras, o comportamento humano, o desenvolvimento científico, a Arte", ressaltou. No tema, "A NOSSA VONTADE E NECESSIDADE DE OUVIR E CONTAR HISTÓRIAS", foi apontado como a mais difundida forma de transmitir cultura e trocar conhecimento e informação. Em seguida, passou para "A NOSSA NECESSIDADE DE REGISTRAR HISTÓRIAS", onde por meio de uma breve linha do tempo dos hieróglifos, a escrita no oriente, a criação da prensa de Gutenberg, a proliferação dos livros impressos e a era digital, Katia demarcou aspectos importantes tanto de livros publicados, quanto dos livros cujo destino foi à destruição. Em "A LEITURA EM NOSSAS VIDAS", exemplificou sobre a magia que acontece no momento da alfabetização, os livros que marcaram nossas vidas, como ser um bom leitor e as vantagens de tornar a leitura um hábito, entre elas, a ampliação do conhecimento geral; a estimulação da criatividade; a capacidade de emocionar e causar impacto, além de desenvolver o senso crítico. 

O foco central da palestra foi estimular a busca dos sentimentos mais profundos e íntimos que movem as pessoas a lerem um livro, e este momento pode ter um papel fundamental na vida das pessoas. "O que sabemos nos forma, mas o que desejamos saber, nos transforma", proferiu Katia Velo. Finalizando, Katia lançou um questionamento, fazendo uma pequena interferência ao próprio tema da palestra "Há leitura em sua vida?". O público presente aplaudiu e demonstrou interesse em um breve bate-papo. "Neste momento, sinto que toda a frustração inicial da pesquisa e o árduo trabalho foram recompensados. Estes momentos são fundamentais para nós educadores, pois indubitavelmente há uma troca que só ocorre neste momento, onde a presença física é insubstituível". Declarou Katia Velo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Lançamento de Garotas, amores e fantasias

O livro foi lançado no evento "Amores e Fantasias" 




O Evento abrange:
ARTES PLÁSTICAS 
Participam da exposição os artistas: Clarice Barbosa e Fernando Rosa, Ana Carolina Zanotti,Carlos Zemek, Celia Dunker, Elieder Corrêa da Silva, Izabel Silva, M. Mafra Souza, Maria Isabel, Marlene de Oliveira, Salete de Lima, Valéria Sípoli e Vanice Ferreira. 
Da Argentina: Claudia Agustí e Ilia Ruiz, Valéria Sípoli. 

POESIA: 
Eduardo Bettega, Jocelino Freitas, Willians Mendonça. 




A cupa é das estrelas ou a culpa é a ignorância? - Crônica de Isabel Furini

O filósofo Platão dizia que a ignorância é o pior mal que existe. Na filosofia platônica é idealizado um tríptico: o Amor, a Verdade e a Beleza. Para vivenciar esse ideal é necessário ter sabedoria, ou ao menos discernimento.

Pois bem, discernimento é também um "dom". Um dom que algumas pessoas não receberam ao nascer, ou não conquistaram.

Vejamos o caso do livro "A Culpa é das Estrelas" que emocionou milhões de adolescentes no mundo inteiro (e outros não tão jovens). O livro conta a histórica de amor de Hazel Grace e Augustos. Minha surpresa foi que nessa história de amor os jovens protagonistas estão doentes e participam de um grupo de terapia, por isso foi difícil entender como adolescentes de 12 anos, por exemplo, escolhem esse livro.

Uma mãe comentou que a filha tem 12 anos e na sala de aula todas as colegas já leram o livro. A filha também adorou e indica para suas amigas. Ou seja, o livro não é imposto pelo professor, são as alunas que escolhem essa narrativa. Por que? Para responder essa pergunta precisaríamos da opinião de psicólogos, pedagogos e antropólogos. Por que um assunto tão difícil para a vida humana como o câncer é o tema de um livro amado pelos adolescentes?

Como inquiria Jung, será que a sociedade contemporânea só está ocupada em fabricar objetos sofisticados, mas lá, no profundo da psique os medos permanecem escondidos e acaçapados?

Quando comecei a ler o livro fiquei chocada porque esperava um livro leve para adolescentes, e o assunto de "A Culpa é das estrelas" de John Green não é só o amor, mas também o sofrimento dos jovens com uma grave doença.

Como um adolescente de 12, 13 ou 15 anos se sente atraído por uma leitura com personagens com uma doença que assusta até aos adultos? Os personagens estão muito distantes do poderoso Harry Potter.

Um fato relacionado com o livro chamou minha atenção e deu origem a este texto. O livro não agradou as mães, e uma mãe pediu para a escola pública onde o filho estuda, em Riverside, Califórnia, retirar "A culpa é das estrelas" da biblioteca, por achar a leitura dessa obra é inapropriada para crianças de 11 a 13 anos .
A reclamação é que a história tem sexo e câncer... E a vida também, pode ser a resposta.

Voltamos então, ao primeiro parágrafo, a ignorância da qual falava Platão... não podemos fechar os olhos à essa realidade. O mundo atual é de luta e competitividade, tem doenças incuráveis e miséria, adolescentes percebem que devem se adaptar a um mundo com problemas. Alguns falam que o mundo está doente, ou seja, o mundo ideal das redes sociais com pessoas que postam fotos aprimoradas no photoshop, e falam que são incapazes de odiar e que o mundo é alegria e felicidade, não engana nem as crianças que estão entrando na adolescência.

E a ignorância dessa mãe americana é pensar que pelo fato de ter conseguido retirar o livro "A culpa é das estrelas" da prateleira de uma biblioteca de escola pública "as crianças de 11 a 13 anos" não vão ler essa obra. Ao contrário! Elas vão procurar o livro, pedir emprestado, ir na casa do amigo para ler, procurar em outras bibliotecas... com certeza ficarão com curiosidade e procurarão uma maneira de ler esse livro.

Proibir um livro ou um filme é a melhor maneira de fazer o livro e filme mais desejado.

A essência da alma adolescente é transgredir.

Ler um livro pode até ser chato, mas ler um livro proibido parece uma provocação. Desperta o interesse.

Seria mais inteligente em vez de proibir a leitura de um livro, perguntar a causa que faz esse livro tão desejado. Quando um livro que se torna best seller geralmente é criticado por não ter qualidade literária, mas se atinge a alma das pessoas é porque pode conter alguma mensagem que esses leitores querem ouvir.

Texto de Isabel Furini - escritora e poeta premiada.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...