terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Crônicas de Clarice Lispector


Tornar os livros nossos amigos é tê-los perto em todas as circunstâncias da vida. Também nas férias. Não podemos nos esquecer de colocá-los na mala ou no bolso. E para os amantes das crônicas, temos várias sugestões: Clarice na cabeceira; A Pedagogia dos Caracóis, de Rubem Alves (Verus); ou crônicas de humor, como Os comes e bebes nos velórios das Gerais e outras histórias, de Déa Rodrigues da Cunha Rocha (Auana), que conta “causos” do interior de Minas Gerais acompanhados de receitas tradicionais mineiras. E quem quer se divertir pode também dar uma olhada em Risite Aguda – As melhores piadas de médicos, de Paulo Tadeu (Matrix).

CLARICE NA CABECEIRA. Escolhemos falar de “Clarice na Cabeceira”, (Rocco, 2010, 173 p.), livro com vinte crônicas da inesquecível escritora. As crônicas foram escolhidas por leitores. Cada uma delas é apresentada por um leitor diferente – e famoso.

Ferreira Gullar escolheu O caso da caneta de ouro e, em uma apresentação encantadora, lembra que conheceu Clarice em 1956. Ele estava impressionado com o estilo da autora. Ao conhecê-la, ficou muito mais impressionado. “Ela era linda e perturbadora”. – confessa. – “Nos dias que se seguiram, não conseguia esquecer seus olhos oblíquos, seu rosto de loba com pômulos salientes”.

Já a escritora de livros juvenis, Thalita Rebouças, escolheu a crônica Lição de filhos, e esclarece: “Sentimentos são atemporais e um episódio como o narrado por Clarice pode muito bem estar acontecendo neste momento na casa de qualquer pessoa com filho na faixa dos 13, 14 anos”.

Eucanaã Ferraz escolheu Das vantagens de ser bobo. “Clarice, mais uma vez, revelava-se e revelava-me a mim”, conclui o poeta. Cada um dos leitores fala de sua relação com a leitura. A visão de cada um deles nos ajuda a entender as crônicas de Clarice de um ponto de vista diferente. Talvez quem melhor defina os textos de Clarice é Joaquim Ferreira dos Santos, ao falar: “Clarice jamais seria cotidiana. Há sempre um milagre."

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Oficina de férias: Como escrever crônicas






A oficina é prática e tem como objetivo conhecer as técnicas básicas desse
gênero,
incentivar a criatividade e a originalidade.


Professor: ISABEL FURINI

Data: 01,02 e 03 de fevereiro de 2012

Horário: 19h às 21h30

Preço: Parcelas mensais R$ 180,00

Local: Solar do Rosário, Duque de Caxias, 04, Largo da Ordem, Curitiba.

Fone: (41) 3225-6232.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

QUER PUBLICAR UM LIVRO? (Dicas)

Deseja publicar um livro? Então é importante escutar os conselhos dos profissionais da área.

Nesta oportunidade entrevistamos Roberto Araújo, 58 anos, diretor editorial da Editora Europa. Roberto é jornalista profissional, tem 38 anos de vivência em redações, e é responsável pela edição de 17 revistas mensais e pela área de livros da Editora Europa, de São Paulo, SP. Acaba de publicar o livro de ficção Histórias Roubadas.

Ele afirma:

A publicação de um livro envolve uma estratégia muito mais complexa do que parece. O primeiro e mais importante ponto é: a quem o livro se destina? Todas as publicações devem ter uma finalidade, devem servir para alguma coisa. Pode ser um livro que ensine sobre botânica, fotografia ou até mesmo mostre como são feitas as ilustrações para videogame. Esta é a linha de livros de serviço. Há ainda os livros para entretenimento, com temática em quadrinhos ou sobre vampiros, que estão muito em moda.

Os livros de ficção, de literatura, têm uma finalidade toda própria que escapa um pouco de definições simplistas e têm uma avaliação mais subjetiva. Estes devem ser publicados pela sua originalidade e por agregarem algo à cultura brasileira. Mesmo assim, devem deixar claro a que público se destinam.
A escolha dos títulos da Editora Europa é feita pelo critério das áreas onde atuamos com nossas revistas. Se o público confia em nossas revistas, sabe que garantimos a qualidade dos livros. A Revista Natureza, por exemplo, avaliza a qualidade de todos os livros de botânica que publicamos. Além disso, são excelentes para informar aos leitores sobre os livros que publicamos.


2. Quantos originais vocês recebem por mês?
Temos todo um planejamento sobre os livros que pretendemos publicar. A estratégia é cuidadosamente elaborada para atender as áreas que atuamos. Não podemos ficar contando com a sorte de receber originais de qualidade. Por isso, encomendamos muitos livros. Também licenciamos diversos títulos de outros países. Na ficção, há um universo enorme de pessoas que escrevem como hobby, outras como uma questão terapêutica, outras ainda que têm o sonho de se tornar escritoras.

Como qualquer outra profissão, o escritor tem de se dedicar longamente ao ofício, estudar e ter muita, mas muita paciência mesmo, disposição para trabalhar o seu livro. Assim, quando pego um original para avaliar, o primeiro ponto é descobrir se é um trabalho maduro e pronto para publicar, ou se ainda é um trabalho de quem está começando. Isso é possível de se perceber pela correção ortográfica, pela montagem dos diálogos, pela estrutura do texto. Claro que todo grande escritor começou por algo simples, mas para um editor que se preocupa com a qualidade é muito importante determinar o momento em que o trabalho está maduro para ser publicado.



3. Vocês ficam atentos aos erros ortográficos?

Um bom livro vai muito além de uma revisão correta. Não é apenas jogar o texto em algumas páginas. São milhares de detalhes, nem sempre percebidos claramente pelo leitor, que fazem uma publicação de qualidade.
A fase de "preparação do texto", como dizemos, envolve outro profissional, que não pode ser o escritor, que repassa todo o texto procurando repetição de palavras, coerência de tempos nas quais se passa a história, consistência narrativa -- se uma ação do passado se casa perfeitamente com uma ação do futuro, enfim, um trabalho enorme.

Feito isso, tudo é submetido ao autor, que reavalia cada ponto apontado e decide como proceder nos casos específicos. É muito comum ter de refazer cenas, redigir novos capítulos ou suprimir trechos inteiros. É nessa hora que é preciso que haja uma afinidade muito grande entre o escritor e seu editor. Feito isso, é hora de começar o livro propriamente dito. O tamanho da letra (fonte) é determinante. Não pode ser muito grande porque senão provoca muitas palavras quebradas no final da linha, o que atrapalha a leitura. Também não pode ser muito pequena que a maioria das pessoas não consiga enxergar. O desenho da letra (tipografia) dever ser adequado ao tema escolhido.

Há ainda que convidar uma pessoa para fazer o prefácio (se for o caso), escolher uma epígrafe (aquela frase de um outro autor colocada antes da história propriamente dita) ou dedicatória, redigir as orelhas. A capa e a contra-capa são uma outra questão particular por envolver artistas e o departamento de marketing. E isso é apenas um pequeno resumo do trabalho do editor.


4. Que conselho pode dar para os novos escritores?
Livros não surgem por mágica. O conteúdo, que é sempre o que efetivamente interessa, tem que ser trabalhado cuidadosamente na cabeça do autor. O conselho mais prático que posso dar é que um livro é sempre fruto de um trabalho disciplinado. Algumas horas por dia devem ser separadas exclusivamente para este trabalho. E repetidos todos os dias. A verdade é que a concentração sempre demora. Para ela chegar ao ponto é necessário reler os capítulos anteriores, refletir sobre a nova cena, elaborá-la na cabeça e então partir para a escrita. Não há regras rígidas, já que este é um trabalho artístico, mas eu tenho a forte convicção que sem disciplina não é possível escolher com sabedoria as milhares de palavras que compõem um livro. Também acho inútil o uso de álcool ou qualquer tipo de droga. Com a consciência alterada, as palavras parecem ter uma força que não será compreendido por mais ninguém a não ser o autor. Se a intenção for publicar, o trabalho fica todo perdido. O certo é que é preciso garra e determinação. Nada está acima em termos de realização intelectual do que escrever e publicar um livro. É um esforço que vale a pena.



5. Fale um pouco dos próximos lançamentos.
Acabei de escrever e publicar um livro de ficção chamado Histórias Roubadas. São 29 histórias que mostram como homens e mulheres viveram acontecimentos excepcionais em suas vidas.

Está chegando da gráfica A Guerra dos Hereges, de Aydano Roriz, uma grandiosa reconstituição da invasão holandesa a Pernambuco. Aydano é um modelo de disciplina na produção de seus romances históricos. Além de estudar tudo que se escreveu sobre o assunto, ainda visita os locais onde os acontecimentos históricos se deram, para depois contar as histórias com um enorme dinamismo, sem nada da chatice dos livros didáticos, e com toda a ação que um romance permite.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

No mundo dos sonhos (Crônica de Carlos Zemek


Tamanho da Tela: 60x60 cm - Valor: R$ 490,00.
Tema: Inspirado em um sonho.



Eu flutuo pelo espaço ... posso ver estrelas por todos os lados, quando percebo que estou próximo a uma nebulosa cor violeta .... Vejo a Terra de fora ... Mas ela é apenas uma rocha ... Onde um homem de capa de chuva e chapéu metálicos grita lá de baixo na superfície do planeta em meio a uma tempestade de chuva ácida ...

- Desce aqui meu amigo emplumado ... por que voas por aqui???
Sem entender por que ele me chamara de amigo emplumado eu resolvi descer voando e na descida eu noto que meu corpo é recoberto de penas azuis brilhantes ... eu sou apenas um pequeno pássaro azul ...

Pouso a seu lado em uma rocha e a tempestade se transforma em fina garoa, ele abre um guarda-chuva e o prende na rocha pra me proteger das gotas ácidas que já incomodavam minhas penas ...

É uma sensação estranha ser um pássaro disse eu !

- Você sabe muito bem, podemos ser tudo que imaginamos..
- Eu não me imaginei um pássaro!
- Mas voava pelo infinito como um !!!
- Eu estou sonhando não estou ??
- Sim
- Quem é você ?
- Sou parte do Todo como você...
- Por que chove ??? Se isto é um sonho não podia parar ???
- É assim que está sua mente no momento ... (Uma risada sinistra que me dá arrepios)
- Você é um elemental, espírito ou algo parecido???
- Nomes simplórios para definir meu estágio temporário de vida ...
Mas comparando poderia dizer que sou algo assim.
- Me sinto inquieto, posso voar um pouco ??
- Claro, o que você procura está do outro lado deste planeta ...
- Ok... (Me perguntei se ele sabia o que eu queria pois eu não sabia.)
Voar é uma sensação maravilhosa ... saio da atmosfera do planeta e já vejo uma espécie de lua cor violeta .. cheia de plantas e árvores ... enquanto me aproximo uma voz dentro de minha cabeça diz:
- Alto quem vem lá ???(Percebo que é a lua violeta quem fala comigo)
- Estou apenas de passagem... (Digo em voz alta)
- Pode vir!! (Diz a Lua)

Quando me aproximo bastante, posso ver que é um planeta muito parecido a Terra ... com árvores e plantas, mas tudo é púrpura, violeta, azul, roxo e lilás.
Pouso em uma pedra e observo um belo lago com três árvores que parecem emitir luz própria.

Quando olho para o lado lá está novamente o homem de capa de chuva metálica.

- Onde estou? (Pergunto maravilhado com a visão da paisagem)
- Está no lugar tranquilo de sua mente, dentro do mundo dos sonhos.

Fico ali alguns minutos observando a maravilhosa paisagem enquanto uma sensação de paz e tranquilidade invadem minha mente.
Após algum tempo uma grande espiral se abre no espaço e me suga rapidamente para dentro ... nesse instante acordo... mas com a imagem da linda Lua violeta e o lago com as três árvores impressa em minha mente.

Carlos Zemek é artista plástico. Contato: (041) 9831-2389.



Outras telas Clique aqui

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

OFICINA DE CRÔNICAS


A oficina será ministrada no Solar do Rosário, em Curitiba.

A oficina é prática e tem como objetivo conhecer as técnicas básicas desse gênero, incentivar a criatividade e a originalidade.

Professora: ISABEL FURINI

Data: 01,02 e 03 de fevereiro de 2012.

Horário: 19h às 21h30 horas.

Preço: R$ 180,00.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Coisas que acontecem todo dia, ou nunca! de Fabiana Klimovicz

Fabiana Klimovicz - Foto divulgação.

No seu primeiro livro de crônicas a escritora Fabiana Klimovicz Munhoz da Rocha trabalha, como nas crônicas clássicas, o ambiente urbano, os pequenos conflitos, mal-entendidos, acontecimentos do dia a dia.

Fabiana sabe transformar pequenas coisas, problemas, fatos, em histórias simpáticas e leves. Revela o olhar do cronista, que não é um simples escriturário que faz relatórios, mas um escritor que produz textos com “algo a mais”, com a visão do engraçado, do pitoresco.

A autora, para dar mais sabor as suas crônicas, inventa palavras como “inesperei” e “maridez”. Até um dos personagens do livro, o João, muda os nomes dos colegas do escritório de arquitetura. Um deles se chama Osmar, mas o personagem crítica: Está errado, o certo seria “Osmares”.

A linguagem é clara, os parágrafos são dinâmicos, os diálogos, bem construídos, o livro em si é de leitura fácil e agradável. Fabiana cria enredos simples, mas bem montados, e os personagens parecem familiares, fazem lembrar pessoas que conhecemos.

Por exemplo, a primeira crônica começa dizendo: “Nome de escritor, Érico Lobato já tinha, só faltava o livro de sucesso”. E assim com humor leva-nos a compartilhar os sonhos do novo escritor.

Fui convidada a escrever a contracapa desse livro e aceitei imediatamente. Apesar de ser o seu primeiro livro, as crônicas de Fabiana Klimovicz constituem uma leitura que realmente entretém, diverte e ajuda a refletir sobre o diário viver, pois a vida é constituída também de pequenas coisas.




Resenha de Isabel Furini publicada no ICNews - Coluna Livros

domingo, 1 de janeiro de 2012

Clarice Lispector (homenagem)


OBSCURO RETRATO DE CLARICE (em português)


Duas Luas (torrentes impetuosas,
espelhos de paixão)
soterradas nas órbitas dos olhos
e nos lábios
agulhas de palavras (palavras fascinam
os ouvidos e o fluxo do pensamento crava
estacas na areia).

Planta rosas (carmesins e indestrutíveis rosas
que resistem a foice de Cronos).

Enfeitiçados contornos transfiguram a realidade
entre ondas e monólitos de pedra,
A Paixão segundo G.H.
quebra intrincados muros de angustias,
abrem-se perfumadas pétalas artísticas
e no orbe da solidão
é cinzelada a paixão de Clarice.


Isabel Furini
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