sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ANILINA, ZIGUEZAGUE E DÉSIRÉE (Resenha)




Lançado neste ano, o livro de João Paulo Hergesel chama a atenção, pois se trata do primeiro livro de um jovem (nasceu em 1992) que estuda Letras na Universidade de Sorocaba, escreve livros e colabora com jornais de sua região.
No prefácio, o escritor Alexandre de Castro Gomes conta que foi jurado no 6º Desafio dos Escritores, promovido pelo Núcleo de Literatura do Espaço Cultural da Câmara dos Deputados de Brasília, e Joaninha (João Paulo) destacou-se desde o primeiro momento pela criatividade e humor.

Os contos de Anilina, Ziguezague e Désirée (Editora Patuá, 2011) caracterizam-se pela agilidade da narrativa. João Paulo conta suas histórias com objetividade. Surgem personagens que despertam a atenção do leitor. A primeira pessoa do singular empresta aos contos a sensação de intimidade. Como no conto “Ted”, em que o personagem inicia dizendo: “Em meu estágio de normalidade, sou um cara notavelmente esquisito, a começar pelo nome: Thomas Edison”.

Já “A cor de meus olhos” aproxima-se muito da crônica – um gênero irmão do conto, e que muitas vezes se unem. Nesse e em outros contos do livro, João Paulo narra com humor pequenos acontecimentos que preenchem a vida das pessoas. Os diálogos são sintéticos e ajudam a dar ritmo às histórias.
Vejamos o início do conto “Verano”: “Para minha surpresa quando voltei da escola, o gato já estava lá. Chegou do nada, assim, sem avisar, como chuva de verão. Era filhote ainda, todo preto, apenas o focinho branco - de leite. Nunca havia tido um animalzinho de estimação, mas soube logo no primeiro contato visual que aquele gato de rua cumpriria fielmente com o papel”.

Com o livro Anilina, Ziguezague e Désirée, vemos surgir um novo autor com um futuro interessante.

ENTREVISTADO: João Paulo Hergesel
Interessados na dedicação de um jovem estudante de Letras, decidimos entrevistá-lo para conhecer um pouco de sua maneira de pensar. Isso pode nos ajudar a entender o ponto de vista dos novos autores
1) Quando surgiu o desejo de ser escritor?

Desde criança, sempre gostei muito de viver a minha própria fantasia, inventando histórias e personagens que apenas eu tinha contato; era como uma válvula de escape para minha realidade infantil. Aos 9 anos, decidi começar a colocar isso no papel, então passei a escrever versinhos simples, de rimas fáceis (melão com violão, gato com rato) e foi nessa época que ganhei meu primeiro concurso literário. Mesmo assim, tinha muita vergonha de mostrar às pessoas o que eu escrevia. Apenas aos 15 anos que decidi sair da minha bolha literária e falei "quero ser escritor!", então resolvi apresentar minhas criações ao mundo. A internet ajudou bastante.

2) Quais são seus livros preferidos?

Pode até parecer loucura, mas, mesmo sendo graduando em Letras e estando em contato com inúmeros clássicos da literatura, ainda sustento uma paixão infindável com a literatura infanto-juvenil. Assim, meus livros preferidos são os desse gênero, em especial os da Lygia Bojunga, que, na minha opinião, é a melhor escritora infanto-juvenil contemporânea. O livro dela que mais acho genial é Seis vezes Lucas. Outros livros que permanecerão eternos na memória são O Coração às Vezes Para de Bater, de Adriana Lisboa, e Coração de Vidro, de José Mauro de Vasconcelos (este, um dos primeiros apresentados a mim). Mas o livro responsável por me fazer escolher pela área e despertar meu gosto em escrever para jovens, com certeza, foi Poderosa, de Sérgio Klein.

3) Como surgiu a ideia para o livro Anilina, Ziguezague e Désirée?

Anilina, Ziguezague e Désirée, na verdade, é uma reunião de contos que escrevi desde meus 15 anos até agora. A ideia dessa coletânea surgiu quando descobri que a Editora Patuá estava selecionando originais para publicação. Juntei o que tinha, transformei em algo único e enviei. Para minha surpresa, minha doce loucura literária agradou os editores.

4) O livro é recomendável para adolescentes? Qual é o seu público-alvo?
O livro foi feito para adolescentes, com contos que visam agradar os leitores a partir de 12 anos, acredito. Alguns trazem uma linguagem mais leve, podendo ser compreendida até mesmo por mais jovens. Mas o ideal mesmo é que a obra seja aproveitada pelos estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio.

5) Qual é sua relação com os leitores? Eles acham interessante ou acham ruim ler livros de um escritor tão jovem?

Não vejo problemas com relação à minha idade. Na verdade, o público se surpreende e, aí sim, quer ler. (risos!) Acredito que, por eu estar nessa transição de adolescência e fase adulta, tenha uma visão boa do que os adolescentes pensam e acabo aproveitando isso para transformar em história. No fundo, acho que escrevo o que eu gostaria de ler e, assim, acabo conquistando os jovens leitores.

6) Fale um pouco de seus novos projetos.

A princípio, continuo escrevendo para jornais locais e "alimentando" meus blogs, em especial o Joaninha Platinada, dedicado à literatura infanto-juvenil. Além disso, continuo participando de oficinas e concursos literários, fazendo palestras esporadicamente e ficando à disposição da minha criatividade. Não sou eu que planejo minhas empreitadas literárias, é ela!

domingo, 20 de novembro de 2011

Sobre Ribamar, de José Castello, por Zeny Belmonte



O jornalista, crítico literário e escritor José Castello é um dos nomes mais conhecidos e respeitados no meio literário brasileiro. Seu último livro Ribamar, vencedor na categoria romance da 53ª edição do prêmio Jabuti, vem confirmar tudo o que já se sabe sobre a solidez da sua trajetória profissional, sobre a paixão que nutre pelas letras desde que se conhece por gente.

A luta pela sobrevivência no início da carreira não lhe deixava tempo para mostrar o seu talento como escritor, ainda mais num país como o nosso, onde poucos sobrevivem exclusivamente desse ofício. Enquanto a disponibilidade não vinha, Castello não se limitou a acumular apenas experiência profissional, enriquecendo-se também como pessoa ao cultivar amigos intelectuais arredios como Ferreira Gulart, dentre outros.

Para quem o conhece, é difícil separar o José personagem do José autor, já que ambos possuem certas características semelhantes, como a capacidade de enxergar as pessoas por dentro, ver e sentir coisas que ninguém mais percebe.

Ao ler Ribamar ocorreu-me uma questão levantada durante um dos tantos encontros literários que frequentei. Do que você quer falar quando se propõe a escrever um livro de ficção? A resposta a essa pergunta ficou muito clara depois de ler essa obra. Eu não lembro de ter tido algum problema de relacionamento com meu pai. Ao contrário, havia uma grande cumplicidade entre nós e bastava um olhar para que um lesse o pensamento do outro. Por que então, fiquei perturbada como se meu interior tivesse sido remexido trazendo à tona experiências e sentimentos que não foram por mim vivenciados?

A grande pegada de Ribamar está no personagem José que, falando na primeira pessoa, faz do leitor um confidente, um cúmplice. Confia-lhe sem restrições mas ao mesmo tempo sem exageros, com elegância, sentimentos inconfessáveis como a repulsa, a não aceitação da decadência física da velhice numa pessoa tão próxima como o pai. Outro tema abordado com propriedade por José Castello em Ribamar, é a incomunicabilidade do amor entre pai e filho, o mesmo de Franz Kafka em Carta ao Pai, livro amplamente citado na obra. Mas as semelhanças acabam por aí. Castello não pega nada emprestado de ninguém, nem se apropria de nada que não seja seu. Ele tem uma linguagem própria, uma voz interior só sua ao partir de experiências pessoais para escrever ficção. Não é à toa que o título do livro seja o mesmo nome do seu pai na vida real e que o personagem principal se chame José, assim como ele. Coincidências à parte, não se trata de um livro de memórias segundo o autor. O título é a forma que encontrou para homenagear a memória paterna.

Em Ribamar, José tenta se livrar da sombra do pai que o incomoda mesmo depois de morto. Ele decide então, fazer uma viagem em busca das raízes desse homem de personalidade forte que não o compreendia, mas que certamente o amava a sua maneira.

A decepção por não encontrar quase nada a seu respeito leva o leitor a se perguntar se Ribamar teria sido tudo aquilo mesmo ou seria apenas o retrato carregado feito sob a ótica de uma criança sensível e introspectiva como José.

Candidatos a escritores podem tirar de Ribamar preciosos ensinamentos. Como aprofundar de um personagem é um deles, a ponto do leitor se identificar com um José humano, gente com a gente. Ao atingir esse nível de interação o autor laça o leitor que se sente compelido a acompanhar o desenrolar da trama do começo ao fim, a caminhar junto com o personagem José na busca das raízes de Ribamar, que no fundo representaria a sua libertação dos fantasmas da infância que ainda o perseguem mesmo depois de adulto.

Ao ler Ribamar, sente-se toda a experiência do autor que trata de assuntos diferentes nos vários capítulos, sem que o livro pareça uma colcha de retalhos soltos ou mal alinhavados. Num trabalho paciente de artesão, Castello valeu-se da partitura da canção de ninar Cala Boca que seu pai costumava cantar para ele quando criança de colo, e que ele resgata ao ouvir a mãe cantar num dos muitos encontros recentes entre os dois, surgindo-lhe daí a idéia de usá-la como elemento de ligação entre os capítulos.

Com a humildade e o cuidado de um iniciante, Castello aguardou quatro anos para publicar o livro, fazendo-o somente quando julgou que estivesse pronto numa demonstração de que ninguém nasce escritor. Trabalho, dedicação e persistência são qualidades importantes para o êxito de quem busca o tão sonhado reconhecimento nesse oficio, e que nesse caso veio a passos lentos porem sólidos de um Jabuti.

Zeny Belmonte é jornalista e escritora, ganhou o Prêmio Talentos da Maturidade (Literatura), em 2009.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

2º CONCURSO INTERNACIONAL “POETIZAR EL MUNDO”

Modalidad: Poesía Minimalista.
Idioma: Castellano.

La escritora Isabel Furini, organizadora del Concurso Poetizar el Mundo, invita a participar en el concurso de poesía Minimalista (poemas con máximo de 5 líneas).

1) El Concurso de Poesía Poetizar el Mundo tiene como objetivo estimular la producción literaria y está destinado a todas las personas mayores de 18 años, de cualquier nacionalidad, que vivan en cualquier lugar del mundo y que presenten su trabajo escrito en español.

2) El tema es libre y la inscripción es gratuita. La fecha de cierre del certamen es el 20 de marzo de 2012.

3) Cada participante podrá presentar solo un trabajo de poesía “mini”, en esta oportunidad, hasta 5 versos (líneas), inédito (que nunca haya sido impreso en papel, ni publicado en Internet, ni premiado en otro concurso).

4) Se considerarán inscriptas las obras enviadas al Segundo Concurso Internacional al e-mail: isabelfurini@hotmail.com
Las mismas serán escritas en el cuerpo del e-mail, o sea en el lugar en el cual se escriben los mensajes, sin archivos anexos. Los poemas enviados en archivos anexos quedarán automáticamente fuera del concurso.

5) El poema debe estar escrito en lengua castellana, con título, digitado con espacio simple, fuente Arial, tamaño 12 (doce).

6) Deberá constar al final: nombre completo del autor, su dirección (incluyendo ciudad y país), e-mail, teléfono y en 4 o 5 líneas, su currículum.

7) La comisión será compuesta por Graciela Diana Pucci, poeta,escritora y editora de Literarte, revista de literatura y arte (http://www.revistaliterartedigital.blogspot.com/) , por la poetisa Rosakebia Liliana Estela Mendoza, de Chiclayo, Perú (ganadora el primer concurso) y por Jorge Oscar Furini, poeta y psicólogo social, también de Argentina.

8) Premios: el primer lugar recibirá una medalla simbólica con su nombre grabado, y diploma. El segundo y el tercer lugar, recibirán diplomas. Podrán ser escogidas dos Menciones de Honor, que también recibirán diplomas.

9) El resultado del concurso será divulgado en sites literarios de Internet y en el blog: http://www.isabelfurini.blogspot.com/

10) El resultado será divulgado el 25 de abril de 2012. En esa ocasión también será homenajeado con una placa conmemorativa, el poeta brasileño Claudio Daniel, autor de “Figuras Metálicas” (Perspectiva, colección Signos, 2005), quien realizó un excelente trabajo divulgando la poesía de América Latina en el libro “ Jardim de Camaleões, a poesia Neobarroca na América Latina”, publicada por la editora Iluminaras, São Paulo, Brasil.

11º) La participación de las obras se formalizará según lo previsto en este reglamento, lo que implica la aceptación de las disposiciones en él designadas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ganhadores 3º Concurso Internacional Poetizar o Mundo

3º CONCURSO POETIZAR O MUNDO

Recebemos 147 trabalhos.
Agrademos a participação dos poetas e em fevereiro do próximo ano lançaremos o 4º Concurso Poetizar o Mundo, novamente com a modalidade minimalista.


1º Lugar: SILÊNCIO?

Nunca me calo,
nem mesmo de boca selada: a voz fala-se de dentro.
O silêncio
- de boca muda e ouvidos surdos –
é utopia!
Cláudia Vanessa Cipriano Martins - São Miguel – Açores - Portugal


2º Lugar: QUADRA MODERNISTA

Queria ser eu
E não alguém
Queria ser tudo
Mas sou ninguém

Alexsander Pontes – Curitiba.PR
É formado em letras, e sua paixão é a poesia.


3º Lugar: BOEMIA


Fiz, vi, mexi com a magia do mundo
e descobri o que tinha de mais profundo:
o bom e velho amor deste coração moribundo
Fandangueiro e trépido, desisti da boemia
Fagueiro e lépido, voltei firme à poesia!

Julia Souza da Silva – São José, Santa Catarina.
Trabalha em Marketing Cultural.


MENÇÃO HONROSA

UM CASO INCENDIÁRIO

QUIS USAR-ME
DE LENHA
E O FIZ
CINZAS

Rosana Banharoli – Santo André, São Paulo.
É poeta premiada em vários concursos. Em 2010, venceu o concurso de poesia da editora da UFF.

MENÇÃO HONROSA: ESTALINHOS

Todos os dias um mar de palavras
morrem no céu da minha boca
outras tantas se salvam
Libertas ao vento
fazem estalinhos nos seus ouvidos!!!!

Perpétua Amorim – Franca, São Paulo. Poeta premiada, participou de várias antologias.


MENÇÃO HONROSA : A ÁRVORE DA VIDA

A árvore é a casa
O seio de cada regresso
A fonte de inúmeras vidas
A sombra ao sol que queima
A afago do aconchego

António MR Martins Ansião, Portugal. Poeta premiado, já publicou quatro livros: Ser Poeta” e “Quase do Feminino” (2009), “Foz Sentida” (2010) e “Águas de Ternura” (2011).
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