domingo, 29 de abril de 2012

LA GUITARRA
( Poema del libro "BOSQUEJOS")

En el zaguán de un viejo caserón,
brotaban las severas notas de una guitarra,
el caminante cesaba su caminar para escuchar
el tañer virtuoso de aquella mano,
las ralas notas se difuminaban en la calle.

En la penumbra del angosto patio
en una silla un hombre sentado con su guitarra,
en sus negros ojos se reverberaba la melodía,
su frente se alargaba,
entre la melena plateada,
sobre su oronda barriga la guitarra apoyaba,
sus ágiles dedos arrancaban las severas notas,
su rostro adusto no se inmutaba,
mientras interpretaba la partitura,
que en su mente grabada llevaba.
Sus dedos se detuvieron, 
la guitarra enmudeció,
su rostro sonrió,
sabiendo que su música era arte.
Ayer pase y no estaba ni el hombre ni la silla,
eché de menos aquella melodía.





Jóse Mariano Seral, es autor del libro "Bosquejos", editado en español por la editora Osiris. 
Él conquistó el segundo lugar en 1º Concurso Internacional Poetizar el mundo, en lengua española.
El lanzamiento fue prestigiado por familiares, amigos y personas dedicadas a las letras.


sábado, 28 de abril de 2012

LITERARTE PARANAENSE MESA REDONDA


MESA REDONDA


A PRODUÇÃO INTELECTUAL DOCENTE E A RESPONSABILIDADE DE SEU LEGADO PARA A CULTURA LOCAL  
Mediadora: SUSAN BLUM  (Universidade Positivo).
Demais componentes 
ADÉLIA MARIA WOELLNER (UFPR),ADONAI SANT'ANNA (UFPR), eISABEL FURINI (Solar do Rosário).

Em 20 de abril/12 LITERARTE PARANAENSE promoveu debates sobre cultura e educação. Artistas plásticos, poetas, literatos, professores, tiveram a oportunidade de trocar ideias. 

    quinta-feira, 26 de abril de 2012

    GANADORES DEL 2º CONCURSO INTERNACIONAL POETIZAR EL MUNDO


    Recibimos 755 poemas. Agradecemos mucho a todos los poetas que participaron. Los trabajos son excelentes, y el jurado trabajó mucho hasta llegar a uma decisión. Gracias a todos.

    1° Lugar
    PERLA EN EL UNIVERSO

    Hermosa como ninguna, la tierra sigue girando
    entre el paso de los siglos y un mundo que va cambiando.
    Maravilla incomparable, sueño de tantos poetas
    que han dedicado sus versos a este excelso planeta,
    y a sus colores de vida que el universo refleja.



    Sheina Lee Leoni Handel
    Montevideo, Uruguay


    2º Lugar
    EMPÍREO


    Escribir es morir a cada instante
    y también soñar
    poder dar a la existencia un aliento de muerte cada noche
    pero no escribo
    únicamente vomito lo invisible

    Pavel Carlos Muñoz Ayona
    Lima, Peru

    3º Lugar
    SENTIDO

    No es que perdi el tren
    porque estuviese atrasada
    es que yo esperaba
    en el outro sentido.



    Autora: Ester Buffa
    São Paulo, Brasil

    4º Lugar
    1 (Uno)

    Miráme,
    ayudáme a contemplar
    los profundos ojos
    del niño antiguo.
    Me avergüenzan.

    Darío Alejandro Paiva
    De Buenos Aires, Argentina

    5º Lugar

    A última Nana


    Antes que la noche escribiera
    un final azul bajo sus párpados,
    el cuento perdió la última hoja
    y las hadas cayeron
                            al vacío.

    Erick Edilberto Estrada Quispe
    Arequipa - Peru
     o

    6º Lugar
    CAMINO
    El sol,
    se ha escapado de la humanidad.
    ¡Qué extraño!
    una niña alumbra el camino.


    Yajaira Coromoto Álvarez Giménez
    Barquisimeto, Venezuela

    7º Lugar
    RUMBO A LA DEMENCIA

    En el límite exacto de la sensatez
    y en extraños estados de tiempos no vividos
    (huelo su aroma)
    transporto el dedo índice hasta mis sienes
    cual bala penetrando en mis deseos.

    Gloria Olguin
     IQUIQUE – CHILE


    8º Lugar

    CAMINO LA TARDE

    Voy caminando la tarde, me ayuda a recordar
    en este viaje de ida conmigo los años van;
    insiste, insiste la tarde en las cosas que hice mal…
    pero la vida me dice: Basta ya de llorar.
    Dios te ha puesto la mesa con tu vino y con tu pan.

    Ester García
    Buenos Aires, Argentina


    9º Lugar

    XIII

    Olvidé que aquel árbol estaba allí creciendo
    ahuecándose dentro
    no me culpen si arrastro tantos bosques desechos
    ya no tengo familia
    hay un túnel. He muerto.



    Claudia Alemán Concepción
    La Habana Cuba


    10º  Lugar
    Mares

    A veces somos mares tormentosos sobrevolados por incontables gaviotas
    otras veces somos el mar calmo y sin gaviotas
    otras veces somos el mar que se ondea tranquilamente y las gaviotas bajan…
    en ese punto la soledad se diluye ...y la gaviota muere de amor.


    Catalina Sánchez Bohórquez
    Bogotá, Colombia

    terça-feira, 24 de abril de 2012


    SÓ CONCURSADOS – Diversos poemas, crônicas e contos premiados. O título pode parecer estranho, mas essa obra do poeta e escritor Geraldo Trombin, de Americana, SP, destaca a trajetória literária premiada dos últimos 28 anos de carreira de Geraldo Trombin.  Todos os trabalhos que compõem a obra receberam alguma premiação.
    O livro está dividido em duas partes. Inicia com os poema O cântico dos pernilongos, Menção Honrosa no II Concurso Nacional de Poesia da Revista Brasília, DF, em 1982, e vai até "Ze Miguel Wisnik, Gregório de Matos e os Bastellí inspirando meu sermão......... emoção", poema que conquistou o segundo lugar no II Concurso Nacional de Poesia FEBAC,  versão 2009. Destacamos o poema Vide-verso, que  conquistou vários prêmios, entre eles o 1º lugar no IV prêmio Barueri de Literatura (Barueri, SP).
    Vejamos o poema na continuação:
    VIDE-VERSO
    Outro lado da moeda, anverso.
    Povo brasileiro, diverso.
    Ontem oposição, hoje inverso.
    Plititiqueiro, perverso.
    Acidente de avião, reverso.
    Contra a corrente, controverso.
    Sem fronteira, universo.

    No fim, é sempre assim:
    Tudo acaba em verso.

    A segunda parte do livro registra o trabalho em prosa de Geraldo Trombin, são crônicas e contos premiados. Inicia com Truque de caminhoneiro, que ganhou premio edição no Concurso Nacional de Poesia e Prosa Letras no Brasil- x, em 2008, RJ. Em 2010, o conto Shake, shake, shakespeare a fantasia, conquista o primeiro lugar no Concurso Liter&Arrt Brasil, RJ e a crônica Musse de Abacate, também ganha o perímetro  lugar no I Concurso Literário Liter&Art Brasil, RJ. O livro termina em 2010, com o texto “Noites de tormenta”, o 3º lugar, no concurso de Minicontos do “Estronho e Esquésito”.
    Um livro ótimo para quem conhecer a trajetória de um poeta.

    domingo, 22 de abril de 2012

    4º CONCURSO DE POESIA “POETIZAR O MUNDO”




    TEMA: QUADROS DO ARTISTA PLÁSTICO CARLOS ZEMEK

    MODALIDADE: Minimalista

    IMPORTANTE:  somente serão admitidos poemas inspirados ou relacionados com alguma das telas do artista plástico Carlos Zemek. No final da página apreciação crítica das obras por Claudia de Lara e Samways Neto.
    As telas que devem servir como base para os poemas podem ser vistas no blog:

    Organizadora: escritora Isabel F. Furini, autora do livro de poemas “Os corvos de Van Gogh”.

    1) O Concurso de Poemas tem como objetivo estimular a produção literária  e é destinado a todas as pessoas maiores de 18 anos que apresentem um poema minimalista inédito, escrito em português, e baseado em alguma das telas do artista plástico Carlos Zemek.

    2) A inscrição é gratuita e poderá ser feita até 30 de agosto de 2012.

    3) Cada concorrente poderá participar com apenas um poema minimalista (até 5 versos ou linhas) inédito (ou seja, ainda não impresso em papel, nem publicado na internet), que não tenha sido premiado em outro concurso, e relacionado com alguma das telas de Carlos Zemek.

    4) Consideram-se inscritas as obras enviadas pelo e-mail: poetizaromundo@gmail.com
    Em "assunto": 4º Concurso Poetizar o Mundo.

    5) O poema deve ser digitado no corpo do e-mail, sem anexo, pois não abrimos arquivos. O poema deve estar escrito em língua portuguesa, digitado em espaço 2 (dois), com fonte Arial, tamanho 12 (doze).

    6) Deverá constar no final: o título do poema,  nome completo do autor, seu endereço, e-mail, telefone, e 4 ou 5 linhas de currículo.

    7) A comissão julgadora será composta por três jurados:  poeta, escritora e professora Dra. Tatiana Alves, autora de “Harpoesia” e “D'Além-Mar: Estudos de Literatura Portuguesa”;  poeta e escritor Benilson Toniolo, membro da Academia de Letras de Campos do Jordão, autor de “Sandálias Paternas”; e pelo escritor Dr. José Feldman, Doutor Honoris Causa em nível nacional e internacional da Academia de Letras do Brasil.

    8) Premiação: o primeiro lugar receberá troféu e diploma. O segundo e terceiro lugares receberão diplomas. Serão escolhidas até três Menções Honrosas, que também receberão diplomas.

    9) O resultado do concurso será divulgado em sites literários da Internet e nos blogues:  www.cazemek.blogspot.com;  

    11) O resultado será divulgado até 21 de outubro/2012. Na ocasião também será homenageada  a escritora Adélia Maria Woellner pelo seu trabalho em prol da literatura paranaense.

    12º) Os dez primeiros colocados terão seus poemas divulgados nos blogues citados.

    13º) Está proibida a participação da organizadora do concurso, dos jurados e do artista plástico cujas obras servirão de inspiração aos poetas.

    14º) O encaminhamento dos trabalhos na forma prevista neste regulamento implica na concordância com as disposições nele consignadas.

    SOBRE A OBRA DE CARLOS ZEMEK


    SOBRE A OBRA DE CARLOS ZEMEK “Fayga Ostrower em Universos da Arte, fala em três correntes estilísticas, que ela nomeia como “três atitudes básicas”. Seriam o Naturalismo, o Idealismo e o Epressionismo. Não são excludentes, e, por vezes, até se interpenetram no estilo de uma época ou na obra de um artista. Dentro de uma vertente expressionista é como vejo a obra de Carlos Zemek. Sua poética é a pintura e sua temática são seus sonhos, estudos de astronomia e conhecimento de lendas, filosofia celta e culturas e religiões antigas  Por isso nao o cosideramos surrealista ou dentro do genero da arte fantástica, pois sua obra é a representacao de uma compreensão de uma experiência real.”  Cláudia de Lara, artista plástica.
    Carlos Zemek faz em suas telas a experiência mística que inspira sua cosmovisão .  É o olhar transposto ao profundo da vida espiritual não percebida no cotidiano da vida. Cumpre com dignidade a missão de artista, de revelar ao mundo o que sua sensibilidade lhe desvela. O retrato da realidade macro-cósmica presente nos detalhes micro-cósmicos. Zemek narra as cores diáfanas que movimentam o oculto. Insinua que a significação que parece estar fora, está, na verdade, dentro de quem contempla sua obra.”  Joel Samways Neto, escritor.

    Isabel Furini
    Organizadora
    Curitiba, 15 de abril de 2012.


                                                                           ***

    CRÔNICA DE HUMOR O PADRE OU O PAI?
                Meu amigo Orlando, que também é argentino e professor, mora em São Paulo onde ministra cursos e palestras. Uma noite, estava ministrando uma palestra e bem na primeira fileira estava sentado um senhor de gravata preta com uma figura enorme de Mickey Mouse em amarelo, que dormitava e havia deixado cair a cabeça de lado. Quando o orador levantava a voz, o homem abria os olhos trabalhosamente e voltava a fechá-los.
                Meu amigo ficou nervoso e, ao falar a biografia de Freud, errou e disse duas vezes “o padre de Freud”, em vez de “o pai de Freud”. Acontece que em espanhol a palavra “padre” tem dois sentidos: de pai e de pároco de igreja. Depois de dizer o padre de Freud pela terceira vez, o homem da primeira fileira abriu os olhos e empertigou-se, meu amigo continuou, mas o homem interrompeu a palestra exclamando: Minha nossa! Isso quer dizer que Freud era filho de um padre? Mas que história interessante! Conte mais, professor.
                Orlando, rindo, desculpou-se, pois havia errado. Esclareceu que a família de Freud era de origem judaica, mas para ele foi muito divertido perceber que o homem havia acordado e ficado atento ao resto da palestra.

    Crônica de Isabel Furini, publicada no ICNews.
    Contato: isabelfurini@hotmail.com

    sexta-feira, 20 de abril de 2012

    A TRIBO DOS ESCRITORES

     
    A sociedade atual comporta várias tribos. Algumas são humanitárias, outras fanáticas, outras guerreiras. Hoje quero falar de uma das mais interessantes tribos conhecidas. Não vestem de preto como as tribos góticas, não ficam carecas como os skinheads, não pintam os cabelos como os punks... porém, destacam-se por estarem sempre armados. Os mais conservadores só usam lápis ou canetas. Os de avançada utilizam notebook e internet. Estou falando da tribo dos escritores.

     Essa tribo urbana, cujo crescimento exagerado está chamando a atenção dos sociólogos, está sempre em pé de guerra. Nenhum escritor suporta outro escritor. Diversos tipos compõem essa tribo: bipolares, paranóicos, alcoólatras, sonhadores, obsessivos, compulsivos, vampiros, lobisomens e alguns canibais ainda não identificados. E se alguém normal entra na tribo, é considerado intruso.

     No estandarte dessa tribo podemos ver um pavão. O pavão gosta de mostrar sua cauda irisada e os escritores - sejam contistas, poetas, romancista, cronistas e outros - estão sempre tentando dar destaque a seus trabalhos. Nas festas de aniversários, casamento e até em velórios, só falam do que acabaram de escrever. Quando participam de um concurso e não são vencedores, esbravejam: - Meu trabalho era o melhor. E eu não ganhei nem uma Menção Honrosa?!!!

     A vaidade é a marca registrada da tribo. E se um colega se destaca? Então é guerra!.. O escritor pega facas, adagas, espingarda ou metralhadora, o que tiver a seu alcance, e parte para a luta. Começa sorrateiramente. Primeiro procura criar dúvidas sobre a capacidade do outro escritor. Ah!.. nem vale a pena ler. Seus textos são tão superficiais!.. Ele está vendendo bem, mas não é bom escritor, não. É produto da mídia.

     O problema é que ninguém escolhe ser escritor. Escrever ou é fase - como acne em adolescente - ou é destino. E se é seu destino meu amigo, desculpe dizer isto, mas você está literalmente ferrado. Escritor precisa de aplausos, de reconhecimento... Por que? Porque o escritor se expõe. Sempre! E sente medo. Sempre! Coitado do escritor! Quando ignorado, sofre. Proclama sua genialidade em público, mas na solidão surge a dúvida. E se não for capaz criar uma verdadeira obra de arte?... Reconhecido pela crítica sabe que não pode errar. Escritor que erra é castigado com o chicote de Átila, o Huno. E quem não tem medo do chicote de Átila?

    E o chicote não é só propriedade da tribo dos críticos, não! É também utilizado com destreza por parentes, amigos duvidosos, vizinhos, colegas de trabalho e outras pessoas que não suportam o êxito alheio e estão sempre esperando o momento oportuno para dar uma chicoteada em escritor que tem a coragem de mostrar sua obra. Então se o destino colocou você na tribo dos escritores... fazer o quê? Coragem, meu amigo, coragem!..

    segunda-feira, 16 de abril de 2012

    COLCHA DE RETALHOS - Contos de Rodrigo Domit


    Rodrigo Domit, finalista do Prêmio SESC e vencedor do Prêmio Utopia.

    Enquanto os grandes nomes da literatura nacional disputam os espaços nas estantes das redes de livrarias e nas listas dos renomados prêmios literários, centenas de escritores pouco conhecidos e milhares de aspirantes à profissão disputam o espaço virtual e os concursos literários pouco conhecidos pelo público.

    Um destes escritores é Rodrigo Domit e um destes concursos é o Prêmio Utopia de Literatura. Ao conquistar o primeiro lugar no referido prêmio, o autor conseguiu publicar seu segundo livro, o Colcha de Retalhos.


    O LIVRO:
    A obra é composta majoritariamente por contos, mas também apresenta crônicas e poesias. O texto inteligente e de agradável leitura conquistou em 2010 o primeiro lugar no Prêmio Utopia de Literatura, organizado pela Utopia Editora, de Brasília. Além disso, a publicação também foi finalista do Prêmio Nacional SESC de Literatura, em 2008.

    Assim como uma colcha de retalhos, a obra apresenta-se como um emaranhado heterogêneo. Entretanto, o autor desenvolve costuras e amarras entre os temas, estilos, linguagem e ritmos. São 73 textos curtos, que conquistaram a admiração de especialistas. "O livro me fez lembrar a velha máxima ‘as melhores essências estão nos menores frascos´. Domit levou isto tão a sério que acabou criando um pequeno clássico, sim, pois abastado de aforismos, inversões, fantasia e, acredite, surrealismo", citou o escritor de Cordeiro (RJ), Ângelo Pessoa.

    O projeto gráfico é da ilustradora londrinense Laís Brevilheri. A disposição do livro foi pensada de modo a permitir que o leitor percorra os caminhos traçados pelo escritor ou ainda percorra suas próprias linhas e costuras. "Quando menina, meus sonhos eram aquecidos por uma velha colcha de retalhos. Hoje, mulher feita, é essa colcha de palavras costuradas pelo Rodrigo que me emociona", contou a escritora de Bragança Paulista (SP), Henriette Effenberger.


    Mais informações: http://livrocolchaderetalhos.blogspot.com/
    Como adquirir: o livro é vendido pelo site, por R$10, com frete grátis para todo o Brasil.


    O AUTOR: Nascido em Curitiba (PR) em 1984 e atualmente morando no Rio de Janeiro (RJ), Rodrigo Domit escreve contos e poesias desde 2003. É coautor do livro de contos Vem cá que eu te conto (2010) e autor deste que está sendo lançado. Entre outros certames literários, já foi selecionado nos concursos Luiz Vilela (Contos - 2007), Helena Kolody (Poesias - 2008 e 2009), Prêmio SESC (Livro de Contos - 2008), Poemas no Ônibus (2010 e 2011) e Prêmio ler&Cia - Livrarias Curitiba (Contos - 2011); Além destas classificações, foi 1º colocado nos concursos: Machado de Assis (Contos - 2011), Prêmio Cidadão (Poesia - 2011) e Prêmio Utopia (Livro de Contos - 2010).

    Mais informações: http://rodrigodomit.blogspot.com/

    Roberto Araújo, diretor editorial (entrevistado)




    Nesta oportunidade entrevistamos Roberto Araújo, 58 anos, diretor editorial da Editora Europa. Roberto é jornalista profissional, tem 38 anos de vivência em redações, e é responsável pela edição de 17 revistas mensais e pela área de livros da Editora Europa, de São Paulo, SP. Acaba de publicar o livro de ficção Histórias Roubadas.

    Ele afirma:

    A publicação de um livro envolve uma estratégia muito mais complexa do que parece. O primeiro e mais importante ponto é: a quem o livro se destina? Todas as publicações devem ter uma finalidade, devem servir para alguma coisa. Pode ser um livro que ensine sobre botânica, fotografia ou até mesmo mostre como são feitas as ilustrações para videogame. Esta é a linha de livros de serviço. Há ainda os livros para entretenimento, com temática em quadrinhos ou sobre vampiros, que estão muito em moda.

    Os livros de ficção, de literatura, têm uma finalidade toda própria que escapa um pouco de definições simplistas e têm uma avaliação mais subjetiva. Estes devem ser publicados pela sua originalidade e por agregarem algo à cultura brasileira. Mesmo assim, devem deixar claro a que público se destinam.
    A escolha dos títulos da Editora Europa é feita pelo critério das áreas onde atuamos com nossas revistas. Se o público confia em nossas revistas, sabe que garantimos a qualidade dos livros. A Revista Natureza, por exemplo, avaliza a qualidade de todos os livros de botânica que publicamos. Além disso, são excelentes para informar aos leitores sobre os livros que publicamos.


    2. Quantos originais vocês recebem por mês?
    Temos todo um planejamento sobre os livros que pretendemos publicar. A estratégia é cuidadosamente elaborada para atender as áreas que atuamos. Não podemos ficar contando com a sorte de receber originais de qualidade. Por isso, encomendamos muitos livros. Também licenciamos diversos títulos de outros países. Na ficção, há um universo enorme de pessoas que escrevem como hobby, outras como uma questão terapêutica, outras ainda que têm o sonho de se tornar escritoras.

    Como qualquer outra profissão, o escritor tem de se dedicar longamente ao ofício, estudar e ter muita, mas muita mesmo, disposição para trabalhar o seu livro. Assim, quando pego um original para avaliar, o primeiro ponto é descobrir se é um trabalho maduro e pronto para publicar, ou se ainda é um trabalho de quem está começando. Isso é possível de se perceber pela correção ortográfica, pela montagem dos diálogos, pela estrutura do texto. Claro que todo grande escritor começou por algo simples, mas para um editor que se preocupa com a qualidade é muito importante determinar o momento em que o trabalho está maduro para ser publicado.



    3. Vocês ficam atentos aos erros ortográficos?

    Um bom livro vai muito além de uma revisão correta. Não é apenas jogar o texto em algumas páginas. São milhares de detalhes, nem sempre percebidos claramente pelo leitor, que fazem uma publicação de qualidade.
    A fase de "preparação do texto", como dizemos, envolve outro profissional, que não pode ser o escritor, que repassa todo o texto procurando repetição de palavras, coerência de tempos nas quais se passa a história, consistência narrativa -- se uma ação do passado se casa perfeitamente com uma ação do futuro, enfim, um trabalho enorme.

    Feito isso, tudo é submetido ao autor, que reavalia cada ponto apontado e decide como proceder nos casos específicos. É muito comum ter de refazer cenas, redigir novos capítulos ou suprimir trechos inteiros. É nessa hora que é preciso que haja uma afinidade muito grande entre o escritor e seu editor. Feito isso, é hora de começar o livro propriamente dito. O tamanho da letra (fonte) é determinante. Não pode ser muito grande porque senão provoca muitas palavras quebradas no final da linha, o que atrapalha a leitura. Também não pode ser muito pequena que a maioria das pessoas não consiga enxergar. O desenho da letra (tipografia) dever ser adequado ao tema escolhido.

    Há ainda que convidar uma pessoa para fazer o prefácio (se for o caso), escolher uma epígrafe (aquela frase de um outro autor colocada antes da história propriamente dita) ou dedicatória, redigir as orelhas. A capa e a contra-capa são uma outra questão particular por envolver artistas e o departamento de marketing. E isso é apenas um pequeno resumo do trabalho do editor.


    4. Que conselho pode dar para os novos escritores?
    Livros não surgem por mágica. O conteúdo, que é sempre o que efetivamente interessa, tem que ser trabalhado cuidadosamente na cabeça do autor. O conselho mais prático que posso dar é que um livro é sempre fruto de um trabalho disciplinado. Algumas horas por dia devem ser separadas exclusivamente para este trabalho. E repetidos todos os dias. A verdade é que a concentração sempre demora. Para ela chegar ao ponto é necessário reler os capítulos anteriores, refletir sobre a nova cena, elaborá-la na cabeça e então partir para a escrita. Não há regras rígidas, já que este é um trabalho artístico, mas eu tenho a forte convicção que sem disciplina não é possível escolher com sabedoria as milhares de palavras que compõem um livro. Também acho inútil o uso de álcool ou qualquer tipo de droga. Com a consciência alterada, as palavras parecem ter uma força que não será compreendido por mais ninguém a não ser o autor. Se a intenção for publicar, o trabalho fica todo perdido. O certo é que é preciso garra e determinação. Nada está acima em termos de realização intelectual do que escrever e publicar um livro. É um esforço que vale a pena.

    5. Fale um pouco dos próximos lançamentos.
    Acabei de escrever e publicar um livro de ficção chamado Histórias Roubadas. São 29 histórias que mostram como homens e mulheres viveram acontecimentos excepcionais em suas vidas.

    Está chegando da gráfica A Guerra dos Hereges, de Aydano Roriz, uma grandiosa reconstituição da invasão holandesa a Pernambuco. Aydano é um modelo de disciplina na produção de seus romances históricos. Além de estudar tudo que se escreveu sobre o assunto, ainda visita os locais onde os acontecimentos históricos se deram, para depois contar as histórias com um enorme dinamismo, sem nada da chatice dos livros didáticos, e com toda a ação que um romance permite.

    sábado, 14 de abril de 2012

    Filosofia de la composición literaria de Edgard Allan Poe


    En una nota que en estos momentos tengo a la vista, Charles Dickens dice lo siguiente, refiriéndose a un análisis que efectué del mecanismo de Barnaby Rudge: "¿Saben, dicho sea de paso, que Godwin escribió su Caleb Williams al revés? Comenzó enmarañando la materia del segundo libro y luego, para componer el primero, pensó en los medios de justificar todo lo que había hecho".
    Se me hace difícil creer que fuera ése precisamente el modo de composición de Godwin; por otra parte, lo que él mismo confiesa no está de acuerdo en manera alguna con la idea de Dickens. Pero el autor de Caleb Williams era un autor demasiado entendido para no percatarse de las ventajas que se pueden lograr con algún procedimiento semejante.

    Si algo hay evidente es que un plan cualquiera que sea digno de este nombre ha de haber sido trazado con vistas al desenlace antes que la pluma ataque el papel. Sólo si se tiene continuamente presente la idea del desenlace podemos conferir a un plan su indispensable apariencia de lógica y de causalidad, procurando que todas las incidencias y en especial el tono general tienda a desarrollar la intención establecida.

    Creo que existe un radical error en el método que se emplea por lo general para construir un cuento. Algunas veces, la historia nos proporciona una tesis; otras veces, el escritor se inspira en un caso contemporáneo o bien, en el mejor de los casos, se las arregla para combinar los hechos sorprendentes que han de tratar simplemente la base de su narración, proponiéndose introducir las descripciones, el diálogo o bien su comentario personal donde quiera que un resquicio en el tejido de la acción brinde la ocasión de hacerlo.

    A mi modo de ver, la primera de todas las consideraciones debe ser la de un efecto que se pretende causar. Teniendo siempre a la vista la originalidad (porque se traiciona a sí mismo quien se atreve a prescindir de un medio de interés tan evidente), yo me digo, ante todo: entre los innumerables efectos o impresiones que es capaz de recibir el corazón, la inteligencia o, hablando en términos más generales, el alma, ¿cuál será el único que yo deba elegir en el caso presente?

    Habiendo ya elegido un tema novelesco y, a continuación, un vigoroso efecto que producir, indago si vale más evidenciarlo mediante los incidentes o bien el tono o bien por los incidentes vulgares y un tono particular o bien por una singularidad equivalente de tono y de incidentes; luego, busco a mi alrededor, o acaso mejor en mí mismo, las combinaciones de acontecimientos o de tomos que pueden ser más adecuados para crear el efecto en cuestión.

    He pensado a menudo cuán interesante sería un artículo escrito por un autor que quisiera y que pudiera describir, paso a paso, la marcha progresiva seguida en cualquiera de sus obras hasta llegar al término definitivo de su realización.

    Me sería imposible explicar por qué no se ha ofrecido nunca al público un trabajo semejante; pero quizá la vanidad de los autores haya sido la causa más poderosa que justifique esa laguna literaria. Muchos escritores, especialmente los poetas, prefieren dejar creer a la gente que escriben gracias a una especie de sutil frenesí o de intuición extática; experimentarían verdaderos escalofríos si tuvieran que permitir al público echar una ojeada tras el telón, para contemplar los trabajosos y vacilantes embriones de pensamientos. La verdadera decisión se adopta en el último momento, ¡a tanta idea entrevista!, a veces sólo como en un relámpago y que durante tanto tiempo se resiste a mostrarse a plena luz, el pensamiento plenamente maduro pero desechado por ser de índole inabordable, la elección prudente y los arrepentimientos, las dolorosas raspaduras y las interpolación. Es, en suma, los rodamientos y las cadenas, los artificios para los cambios de decoración, las escaleras y los escotillones, las plumas de gallo, el colorete, los lunares y todos los aceites que en el noventa y nueve por ciento de los casos son lo peculiar del histrión literario.

    Por lo demás, no se me escapa que no es frecuente el caso en que un autor se halle en buena disposición para reemprender el camino por donde llegó a su desenlace.

    Generalmente, las ideas surgieron mezcladas; luego fueron seguidas y finalmente olvidadas de la misma manera.

    En cuanto a mí, no comparto la repugnancia de que acabo de hablar, ni encuentro la menor dificultad en recordar la marcha progresiva de todas mis composiciones. Puesto que el interés de este análisis o reconstrucción, que se ha considerado como un desiderátum en literatura, es enteramente independiente de cualquier supuesto ideal en lo analizado, no se me podrá censurar que salte a las conveniencias si revelo aquí el modus operandi con que logré construir una de mis obras. Escojo para ello El cuervo debido a que es la más conocida de todas. Consiste mi propósito en demostrar que ningún punto de la composición puede atribuirse a la intuición ni al azar; y que aquélla avanzó hacia su terminación, paso a paso, con la misma exactitud y la lógica rigurosa propias de un problema matemático.

    Puesto que no responde directamente a la cuestión poética, prescindamos de la circunstancia, si lo prefieren, la necesidad, de que nació la intención de escribir un poema tal que satisficiera al propio tiempo el gusto popular y el gusto crítico.

    Mi análisis comienza, por tanto, a partir de esa intención.

    La consideración primordial fue ésta: la dimensión. Si una obra literaria es demasiado extensa para ser leída en una sola sesión, debemos resignarnos a quedar privados del efecto, soberanamente decisivo, de la unidad de impresión; porque cuando son necesarias dos sesiones se interponen entre ellas los asuntos del mundo, y todo lo que denominamos el conjunto o la totalidad queda destruido automáticamente. Pero, habida cuenta de que coeteris paribus, ningún poeta puede renunciar a todo lo que contribuye a servir su propósito, queda examinar si acaso hallaremos en la extensión alguna ventaja, cual fuere, que compense la pérdida de unidad aludida. Por el momento, respondo negativamente. Lo que solemos considerar un poema extenso en realidad no es más que una sucesión de poemas cortos, es decir, de efectos poéticos breves. Es inútil sostener que un poema no es tal sino en cuanto eleva el alma y te reporta una excitación intensa: por una necesidad psíquica, todas las excitaciones intensas son de corta duración. Por eso, al menos la mitad del "Paraíso perdido" no es más que pura prosa: hay en él una serie de excitaciones poéticas salpicadas inevitablemente de depresiones. En conjunto, la obra toda, a causa de su extensión excesiva, carece de aquel elemento artístico tan decisivamente importante: totalidad o unidad de efecto.

    En lo que se refiere a las dimensiones hay, evidentemente, un límite positivo para todas las obras literarias: el límite de una sola sesión. Ciertamente, en ciertos géneros de prosa, como Robinson Crusoe, no se exige la unidad, por lo que aquel límite puede ser traspasado: sin embargo, nunca será conveniente traspasarlo en un poema. En el mismo límite, la extensión de un poema debe hallarse en relación matemática con el mérito del mismo, esto es, con la elevación o la excitación que comporta; dicho de otro modo, con la cantidad de auténtico efecto poético con que pueda impresionar las almas. Esta regla sólo tiene una condición restrictiva, a saber: que una relativa duración es absolutamente indispensable para causar un efecto, cualquiera que fuere.

    Teniendo muy presentes en mí ánimo estas consideraciones, así como aquel grado de excitación que nos situaba por encima del gusto popular y por debajo del gusto crítico, concebí ante todo una idea sobre la extensión idónea para el poema proyectado: unos cien versos aproximadamente. En realidad cuenta exactamente ciento ocho.

    Mi pensamiento se fijó seguidamente en la elevación de una impresión o de un efecto que causar. Aquí creo que conviene observar que, a través de este trabajo de construcción, tuve siempre presente la voluntad de lograr una obra universalmente apreciable.

    Me alejaría demasiado de mi objeto inmediato presente si me entretuviese en demostrar un punto en que he insistido muchas veces: que lo bello es el único ámbito legítimo de la poesía. Con todo, diré unas palabras para presentar mi verdadero pensamiento, que algunos amigos míos se han apresurado demasiado a disimular. El placer a la vez más intenso, más elevado y más puro no se encuentra -según creo- más que en la contemplación de lo bello. Cuando los hombres hablan de belleza no entienden precisamente una cualidad, como se supone, sino una impresión: en suma, tienen presente la violenta y pura elevación del alma -no del intelecto ni del corazón- que ya he descrito y que resulta de la contemplación de lo bello. Ahora bien, yo considero la belleza como el ámbito de la poesía, porque es una regla evidente del arte que los efectos deben brotar necesariamente de causas directas, que los objetos deben ser alcanzados con los medios más apropiados para ello -ya que ningún hombre ha sido aún bastante necio para negar que la elevación singular de que estoy tratando se halle más fácilmente al alcance de la poesía. En cambio, el objeto verdad, o satisfacción del intelecto, y el objeto pasión, o excitación del corazón, son mucho más fáciles de alcanzar por medio de la prosa aunque, en cierta medida, queden también al alcance de la poesía.

    En resumen, la verdad requiere una precisión, y la pasión una familiaridad (los hombres verdaderamente apasionados me comprenderán) radicalmente contrarias a aquella belleza, que no es sino la excitación -debo repetirlo- o el embriagador arrobamiento del alma.

    De todo lo dicho hasta el presente no puede en modo alguno deducirse que la pasión ni la verdad no puedan ser introducidas en un poema, incluso con beneficio para éste; ya que pueden servir para aclarar o para potenciar el efecto global, como las disonancias por contraste. Pero el auténtico artista se esforzará siempre en reducirlas a un papel propicio al objeto principal que se pretenda, y además en rodearlas, tanto como pueda, de la nube de belleza que es atmósfera y esencia de la poesía. En consecuencia, considerando lo bello como mi terreno propio, me pregunté entonces: ¿cuál es el tono para su manifestación más alta? Éste había de ser el tema de mi siguiente meditación. Ahora bien, toda la experiencia humana coincide en que ese tono es el de la tristeza. Cualquiera que sea su parentesco, la belleza, en su desarrollo supremo, induce a las lágrimas, inevitablemente, a las almas sensibles. Así, pues, la melancolía es el más idóneo de los tonos poéticos.

    Una vez determinados así la dimensión, el terreno y el tono de mi trabajo, me dediqué a la busca de alguna curiosidad artística e incitante, que pudiera actuar como clave en la construcción del poema: de algún eje sobre el que toda la máquina hubiera de girar; empleando para ello el sistema de la introducción ordinaria. Reflexionando detenidamente sobre todos los efectos de arte conocidos o, más propiamente, sobre todo los medios de efecto -entendiendo este término en su sentido escénico-, no podía escapárseme que ninguno había sido empleado con tanta frecuencia como el estribillo. La universalidad de éste bastaba para convencerme acerca de su intrínseco valor, evitándome la necesidad de someterlo a un análisis. En cualquier caso, yo no lo consideraba sino en cuanto susceptible de perfeccionamiento; y pronto advertí que se encontraba aún en un estado primitivo. Tal como habitualmente se emplea, el estribillo no sólo queda limitado a las composiciones líricas, sino que la fuerza de la impresión que debe causar depende del vigor de la monotonía en el sonido y en la idea. Solamente se logra el placer mediante la sensación de identidad o de repetición. Entonces yo resolví variar el efecto, con el fin de acrecentarlo, permaneciendo en general fiel a la monotonía del sonido, pero alterando continuamente el de la idea: es decir, me propuse causar una serie continua de efectos nuevos con una serie de variadas aplicaciones del estribillo, dejando que éste fuese casi siempre parecido.

    Habiendo ya fijado estos puntos, me preocupé por la naturaleza de mi estribillo: puesto que su aplicación tenía que ser variada con frecuencia, era evidente que el estribillo en cuestión había de ser breve, pues hubiera sido una dificultad insuperable variar frecuentemente las aplicaciones de una frase un poco extensa. Por supuesto, la facilidad de variación estaría proporcionada a la brevedad de una frase. Ello me condujo seguidamente a adoptar como estribillo ideal una única palabra. Entonces me absorbió la cuestión sobre el carácter de aquella palabra. Habiendo decidido que habría un estribillo, la división del poema en estancias resultaba un corolario necesario, pues el estribillo constituye la conclusión de cada estrofa. No admitía duda para mí que semejante conclusión o término, para poseer fuerza, debía ser necesariamente sonora y susceptible de un énfasis prolongado: aquellas consideraciones me condujeron inevitablemente a la o larga, que es la vocal más sonora, asociada a la r, porque ésta es la consonante más vigorosa.

    Ya tenía bien determinado el sonido del estribillo. A continuación era preciso elegir una palabra que lo contuviese y, al propio tiempo, estuviese en el acuerdo más armonioso posible con la melancolía que yo había adoptado como tono general del poema. En una búsqueda semejante, hubiera sido imposible no dar con la palabra nevermore (nunca más). En realidad, fue la primera que se me ocurrió.

    El siguiente fue éste: ¿cual será el pretexto útil para emplear continuamente la palabra nevermore? Al advertir la dificultad que se me planteaba para hallar una razón válida de esa repetición continua, no dejé de observar que surgía tan sólo de que dicha palabra, repetida tan cerca y monótonamente, había de ser proferida por un ser humano: en resumen, la dificultad consistía en conciliar la monotonía aludida con el ejercicio de la razón en la criatura llamada a repetir la palabra. Surgió entonces la posibilidad de una criatura no razonable y, sin embargo, dotada de palabra: como lógico, lo primero que pensé fue un loro; sin embargo, éste fue reemplazado al punto por un cuervo, que también está dotado de palabra y además resulta infinitamente más acorde con el tono deseado en el poema.

    Así, pues, había llegado por fin a la concepción de un cuervo. ¡El cuervo, ave de mal agüero!, repitiendo obstinadamente la palabra nevermore al final de cada estancia en un poema de tono melancólico y una extensión de unos cien versos aproximadamente. Entonces, sin perder de vista el superlativo o la perfección en todos los puntos, me pregunté: entre todos los temas melancólicos, ¿cuál lo es más, según lo entiende universalmente la humanidad? Respuesta inevitable: ¡la muerte! Y, ¿cuándo ese asunto, el más triste de todos, resulta ser también el más poético? Según lo ya explicado con bastante amplitud, la respuesta puede colegirse fácilmente: cuando se alíe íntimamente con la belleza. Luego la muerte de una mujer hermosa es, sin disputa de ninguna clase, el tema más poético del mundo; y queda igualmente fuera de duda que la boca más apta para desarrollar el tema es precisamente la del amante privado de su tesoro.

    Tenía que combinar entonces aquellas dos ideas: un amante que llora a su amada perdida. Y un cuervo que repite continuamente la palabra nevermore. No sólo tenía que combinarlas, sino además variar cada vez la aplicación de la palabra que se repetía: pero el único medio posible para semejante combinación consistía en imaginar un cuervo que aplicase la palabra para responder a las preguntas del amante. Entonces me percaté de la facilidad que se me ofrecía para el efecto de que mi poema había de depender: es decir, el efecto que debía producirse mediante la variedad en la aplicación del estribillo.

    Comprendí que podía hacer formular la primera pregunta por el amante, a la que respondería el cuervo: nevermore; que de esta primera pregunta podía hacer una especie de lugar común, de la segunda algo menos común, de la tercera algo menos común todavía, y así sucesivamente, hasta que por último el amante, arrancado de su indolencia por la índole melancólica de la palabra, su frecuente repetición y la fama siniestra del pájaro, se encontrase presa de una agitación supersticiosa y lanzase locamente preguntas del todo diversas, pero apasionadamente interesantes para su corazón: unas preguntas donde se diesen a medias la superstición y la singular desesperación que halla un placer en su propia tortura, no sólo por creer el amante en la índole profética o diabólica del ave (que, según le demuestra la razón, no hace más que repetir algo aprendido mecánicamente), sino por experimentar un placer inusitado al formularlas de aquel modo, recibiendo en el nevermore siempre esperado una herida reincidente, tanto más deliciosa por insoportable.

    Viendo semejante facilidad que se me ofrecía o, mejor dicho, que se me imponía en el transcurso de mi trabajo, decidí primero la pregunta final, la pregunta definitiva, para la que el nevermore sería la última respuesta, a su vez: la más desesperada, llena de dolor y de horror que concebirse pueda.

    Aquí puedo afirmar que mi poema había encontrado su comienzo por el fin, como debieran comenzar todas las obras de arte: entonces, precisamente en este punto de mis meditaciones, tomé por vez primera la pluma, para componer la siguiente estancia:


    ¡Profeta! Aire, ¡ente de mal agüero! ¡Ave o demonio, pero profeta siempre!
    Por ese cielo tendido sobre nuestras cabezas, por ese Dios que ambos adoramos,
    di a esta alma cargada de dolor si en el Paraíso lejano
    podrá besar a una joven santa que los ángeles llaman Leonor,
    besar a una preciosa y radiante joven que los ángeles llaman Leonor".
    El cuervo dijo: "¡Nunca más!."


    Sólo entonces escribí esta estancia: primero, para fijar el grado supremo y poder de este modo, más fácilmente, variar y graduar, según su gravedad y su importancia, las preguntas anteriores del amante; y en segundo término, para decidir definitivamente el ritmo, el metro, la extensión y la disposición general de la estrofa, así como graduar las que debieran anteceder, de modo que ninguna aventajase a ésta en su efecto rítmico. Si, en el trabajo de composición que debía subseguir, yo hubiera sido tan imprudente como para escribir estancias más vigorosas, me hubiera dedicado a debilitarlas, conscientemente y sin ninguna vacilación, de modo que no contrarrestasen el efecto de crescendo.

    Podría decir también aquí algo sobre la versificación. Mi primer objeto era, como siempre, la originalidad. Una de las cosas que me resultan más inexplicables del mundo es cómo ha sido descuidada la originalidad en la versificación. Aun reconociendo que en el ritmo puro exista poca posibilidad de variación, es evidente que las variedades en materia de metro y estancia son infinitas: sin embargo, durante siglos, ningún hombre hizo nunca en versificación nada original, ni siquiera ha parecido desearlo.

    Lo cierto es que la originalidad -exceptuando los espíritus de una fuerza insólita- no es en manera alguna, como suponen muchos, cuestión de instinto o de intuición. Por lo general, para encontrarla hay que buscarla trabajosamente; y aunque sea un positivo mérito de la más alta categoría, el espíritu de invención no participa tanto como el de negación para aportarnos los medios idóneos de alcanzarla.

    Ni qué decir tiene que yo no pretendo haber sido original en el ritmo o en el metro de El cuervo. El primero es troqueo; el otro se compone de un verso octómetro acataléctico, alternando con un heptámetro cataléctico que, al repetirse, se convierte en estribillo en el quinto verso, y finaliza con un tetrámetro cataléctico. Para expresarme sin pedantería, los pies empleados, que son troqueos, consisten en una sílaba larga seguida de una breve; el primer verso de la estancia se compone de ocho pies de esa índole; el segundo, de siete y medio; el tercero, de ocho; el cuarto, de siete y medio; el quinto, también de siete y medio; el sexto, de tres y medio. Ahora bien, si se consideran aisladamente cada uno de esos versos habían sido ya empleados, de manera que la originalidad de El cuervo consiste en haberlos combinado en la misma estancia: hasta el presente no se había intentado nada que pudiera parecerse, ni siquiera de lejos, a semejante combinación. El efecto de esa combinación original se potencia mediante algunos otros efectos inusitados y absolutamente nuevos, obtenidos por una aplicación más amplia de la rima y de la aliteración.

    El punto siguiente que considerar era el modo de establecer la comunicación entre el amante y el cuervo: el primer grado de la cuestión consistía, naturalmente, en el lugar. Pudiera parecer que debiese brotar espontáneamente la idea de una selva o de una llanura; pero siempre he estimado que para el efecto de un suceso aislado es absolutamente necesario un espacio estrecho: le presta el vigor que un marco añade a la pintura. Además, ofrece la ventaja moral indudable de concentrar la atención en un pequeño ámbito; ni que decir tiene que esta ventaja no debe confundirse con la que se obtenga de la mera unidad de lugar.

    En consecuencia, decidí situar al amante en su habitación, en una habitación que había santificado con los recuerdos de la que había vivido allí. La habitación se describiría como ricamente amueblada: con objeto de satisfacer las ideas que ya expuse acerca de la belleza, en cuanto única tesis verdadera de la poesía.

    Habiendo determinado así el lugar, era preciso introducir entonces el ave: la idea de que ésta penetrase por la ventana resultaba inevitable. Que al amante supusiera, en el primer momento, que el aleteo del pájaro contra el postigo fuese una llamada a su puerta era una idea brotada de mi deseo de aumentar la curiosidad del lector, obligándole a aguardar; pero también del deseo de colocar el efecto incidental de la puerta abierta de par en par por el amante, que no halla más que oscuridad, y que por ello puede adoptar en parte la ilusión de que el espíritu de su amada ha venido a llamar... Hice que la noche fuera tempestuosa, primero para explicar que el cuervo buscase la hospitalidad; también para crear el contraste con la serenidad material reinante en el interior de la habitación.

    Así, también, hice posarse el ave sobre el busto de Palas para establecer el contraste entre su plumaje y el mármol. Se comprende que la idea del busto ha sido suscitada únicamente por el ave; que fuese precisamente un busto de Palas se debió en primer lugar a la relación íntima con la erudición del amante y en segundo término a causa de la propia sonoridad del nombre de Palas.

    Hacia mediados del poema, exploté igualmente la fuerza del contraste con el objeto de profundizar la que sería la impresión final. Por eso, conferí a la entrada del cuervo un matiz fantástico, casi lindante con lo cómico, al menos hasta donde mi asunto lo permitía. El cuervo penetra con un tumultuoso aleteo.


    No hizo ni la menor reverencia, no se detuvo, no vaciló ni un minuto;
    pero con el aire de un señor o de una dama, colgóse sobre la puerta de mi habitación.


    En las dos estancias siguientes, el propósito se manifiesta aun más:


    Entonces aquel pájaro de ébano, que por la gravedad de su postura y la severidad
    de su fisonomía inducía a mi triste imaginación a sonreír:
    "Aunque tu cabeza", le dije, "no lleve ni capote ni cimera,
    ciertamente no eres un cobarde, lúgubre y antiguo cuervo partido de las riberas de la noche.
    ¡Dime cuál es tu nombre señorial en las riberas de la noche plutónica".
    El cuervo dijo: "¡Nunca más!".

    Me maravilló que aquel desgraciado volátil entendiera tan fácilmente la palabra,
    si bien su respuesta no tuvo mucho sentido y no me sirvió de mucho;
    porque hemos de convenir en que nunca más fue dado a un hombre vivo
    el ver a un ave encima de la puerta de su habitación,
    a un ave o una bestia sobre un busto esculpido encima de la puerta de su habitación,
    llamarse un nombre tal como "¡Nunca más!".


    Preparado así el efecto del desenlace, me apresuro a abandonar el tono fingido y adoptar el serio, más profundo: este cambio de tono se inicia en el primer verso de la estancia que sigue a la que acabo de citar:


    Mas el cuervo, posado solitariamente en el busto plácido, no profirió..., etc.


    A partir de este momento, el amante ya no bromea; ya no ve nada ficticio en el comportamiento del ave. Habla de ella en los términos de una triste, desgraciada, siniestra, enjuta y augural ave de los tiempos antiguos y siente los ojos ardientes que le abrasan hasta el fondo del corazón. Esa transición de su pensamiento y esa imaginación del amante tienen como finalidad predisponer al lector a otras análogas, conduciendo el espíritu hacia una posición propicia para el desenlace, que sobrevendrá tan rápida y directamente como sea posible. Con el desenlace propiamente dicho, expresado en el jamás del cuervo en respuesta a la última pregunta del amante -¿encontrará a su amada en el otro mundo?-, puede considerarse concluido el poema en su fase más clara y natural, la de simple narración. Hasta el presente, todo se ha mantenido en los límites de lo explicable y lo real.

    Un cuervo ha aprendido mecánicamente la única palabra jamás; habiendo huido de su propietario, la furia de la tempestad le obliga, a medianoche, a pedir refugio en una ventana donde aún brilla una luz: la ventana de un estudiante que, divertido por el incidente, le pregunta en broma su nombre, sin esperar respuesta. Pero el cuervo, al ser interrogado, responde con su palabra habitual, nunca más: palabra que inmediatamente suscita un eco melancólico en el corazón del estudiante; y éste, expresando en voz alta los pensamientos que aquella circunstancia le sugiere, se emociona ante la repetición del jamás. El estudiante se entrega a las suposiciones que el caso le inspira; mas el ardor del corazón humano no tarda en inclinarle a martirizarse, así mismo y también por una especie de superstición a formularle preguntas que la respuesta inevitable, el intolerable "nunca más", le proporcione la más horrible secuela de sufrimiento, en cuanto amante solitario. La narración en lo que he designado como su primera fase o fase natural, halla su conclusión precisamente en esa tendencia del corazón a la tortura, llevada hasta el último extremo: hasta aquí, no se ha mostrado nada que pase los límites de la realidad.

    Pero, en los temas manejados de esta manera, por mucha que sea la habilidad del artista y mucho el lujo de incidentes con que se adornen, siempre quedan cierta rudeza y cierta desnudez que dañan la mirada de la persona sensible. Dos elementos se exigen eternamente: por una parte, cierta suma de complejidad, dicho con mayor propiedad, de combinación; por otra cierta cantidad de espíritu sugestivo, algo así como una vena subterránea de pensamiento, invisible e indefinido. Esta última cualidad es la que le confiere a la obra de arte el aire opulento que a menudo cometemos la estupidez de confundir con el ideal. Lo que transmuta en prosa -y prosa de la más baja estofa-, la pretendida poesía de los que se denominan trascendentalistas, es justamente el exceso en la expresión del sentido que sólo debe quedar insinuado, la manía de convertir la corriente subterránea de una obra en la otra corriente, visible en la superficie.

    Convencido de ello, añadí las dos estancias que concluyen el poema, porque su calidad sugestiva había de penetrar en toda la narración antecedente. La corriente subterránea del pensamiento se muestra por primera vez en estos versos:


    Arranca tu pico de mi corazón y precipita tu espectro lejos de mi puerta.
    El cuervo dijo: "Nunca más".


    Quiero subrayar que la expresión "de mi corazón" encierra la primera expresión poética. Estas palabras, con la correspondiente respuesta, jamás, disponen el espíritu a buscar un sentido moral en toda la narración que se ha desarrollado anteriormente.

    Entonces el lector comienza a considerar el cuervo como un ser emblemático pero sólo en el último verso de la última estancia puede ver con nitidez la intención de hacer del cuervo el símbolo del recuerdo fúnebre y eterno.


    Y el cuervo, inmutable, sigue instalado, siempre instalado
    sobre el busto plácido de Palas, justo encima de la puerta de mi habitación;
    y sus ojos parecen los ojos de un demonio que medita;
    y la luz de la lámpara, que le chorrea encima, proyecta su sombra en el suelo;
    y mi alma, fuera del círculo de aquella sombra que yace flotando en el suelo,
    no podrá elevarse ya más, ¡nunca más!

    domingo, 8 de abril de 2012

    Reflexões sobre ARTE

    POR KALI ELISABETH CONS

    Penso que Arte é transcender o instante.

    É nos remeter ao "centro", é buscar o encanto.
    Através do canto, do conto, da cor ou do gesto, do passo, ou da tinta, da prosa ou do verso.
    Do som, do silêncio, do papel ou do vento; da imagem, da luz, da montagem,
    do molde ou do espanto... Do riso e do pranto...

    A Arte expressa, comenta, demonstra, suporta, alerta!
    Celebra.
    É e não é.
    Pode ser ou não ser... "eis a questão"...
    Traz prazer não só no fazer.
    Mas também no ver o que pode acontecer...
    Surpreender.

    Enfim, novamente fica o convite.
    A ideia é revisitar a Arte e suas muitas formas de expressão e ação!
    Muito reestudar e também um pouco "falar"!






    Kali Elisabeth Cons é arte-educadora, fotógrafa e escritora.

    sábado, 7 de abril de 2012

    Sandálias paternas



    Recebi o livro de poemas SANDÁLIAS PATERNAS do poeta paulista Benilson Toniolo, editado pela Casa do Novo Autor. Toniolo é membro da Academia de Letras de Campos do Jordão e criador do Prêmio Araucária de Literatura. Ele é poeta, contista, cronista e tradutor, premiado em inúmeros certames no Brasil e no exterior.

    Sandálias Paternas, segundo o próprio autor, é uma obra para ser lida com a alma. Em cada uma das páginas surge uma lembrança: vemos o pai trabalhando, a avó alagoana, a avó Zefinha e sua colcha de retalhos, a mãe, o pai “que colhia morangos sob o Sol”, ao ficar doente “olha da parede com seus olhos cadeados e mãos a ignorar infinitos”, a morte do pai, a casa, o vento, “o frio percorrendo do tornozelo ao topo da espinha”. Benilson Toniolo vai recontando, tecendo com trama poética a sua própria história.

    Na continuação podemos ler Outros Poemas. No final, como um bom vinho, surpreende-nos com uma belíssima descrição de Santos. Um poema para perdurar na memória, pois a cidade do litoral paulista é descrita com traços fortes e estéticos:

    Esta parede esverdeada de colinas, que se debruça sobre os casebres.
    Estes casebres que se debruçam sobre o oceano
    - um oceano inteiro de memórias –
    Este odor marinho impregnado na minha alma menina,
    Estes barcos ancorados que carrego comigo,
    Estas escadarias submersas
    Esta areia rude e escura,
    Estas pedras submersas desde sempre
    Os prédios da Estação de Praticagem
    (…)
    Cargueiros abarrotados de comércio
    E canoas em busca de sardinha.

    Os poemas de Benilson têm profundidade e um olhar que avança e nos contagia. Aparentemente simples, esses versos nos levam por caminhos inesperados. Há versos belíssimos que nos surpreendem. Benilson Toniolo tem o dom de expressar suas visões de maneira clara e elegante, de descrever paisagens e sentimentos com força e vitalidade.


    A capa de “Sandálias Paternas e Outros Poemas” traz uma fotografia velha e desbotada, mas como contraponto, os poemas de Benilson são nítidos, bem elaborados e confabulam com o leitor para relembrar a própria história. Um belo trabalho de interiorização.

    quarta-feira, 4 de abril de 2012

    MARÍLIA KUBOTA - NOSSA ENTREVISTADA

    Nossa entrevistada é a jornalista, poeta e escritora Marília Kubota. Nasceu em Paranaguá/PR em 1964, e estreou no no jornal de literatura Nicolau, em 1991. Integra as antologias de poesia Pindorama (2000), Passagens (2002), 8 Femmes (2007) , Antologia brasileira do início do terceiro milênio (2008), relançada em Portugal e relançada no Brasil como .Todo Começo é Involuntário, em 2011 e de prosa Crônicas Paranaenses (1999) e Blablablogue – Crônicas e Confissões (2009) . Organizou o Concurso Nacional de Haicai Nempuku Sato (2008) e a coletânea Retratos Japoneses no Brasil (2010). Mantém o blogue Micropolis e é editora do JORNAL MEMAI – Letras e Artes Japonesas (www.jornalmemai.com.br), já na edição 06.




    1. Marília gostaríamos de saber como se originou esse jornal. Quem teve a iniciativa de publicar um jornal de Letras e Artes Japonesas?
    O jornal nasceu de conversas entre eu e a jornalista Myllena Silva. Eu orientava uma oficina de criação literária e ela era minha aluna. Um dia discutimos sobre a ideia de fazer um jornal. Ela gostaria de fazer um jornal de literatura. Sugeri que fizesse um jornal segmentado, de literatura japonesa, pois achava que seria difícil fazer um jornal de literatura. Trocamos mensagens por e-mail e semanas depois ela apresentou uma equipe de amigos, interessados em iniciar o projeto. Achei surpreendente sua capacidade de mobilização e entusiasmo - Myllena, com pouco mais de 20 anos, promoveu alguns eventos de cultura pop japonesa em Curitiba. Através dela conheci a Lina Saheki, diretora do Centro Cultural Tomodachi, que também se entusiasmou em produzir um jornal sobre artes japonesas. E depois veio a artista plástica Sandra Hiromoto. Hoje a Myllena é editora de internet do jornal, a Lina é colunista e Sandra, editora de artes visuais. São parceiras que contribuíram e continuam contribuindo para que o projeto do jornal siga em frente.


    2. No jornal lemos que MEMAI, o nome do jornal é mesmo irreverente, foi tirado de uma canção do J-Pop. E que para vocês, significa a paixão pela cultura japonesa, algo que vira o mundo de ponta-cabeça, deixa tonto, como uma vertigem. Atrevo-me a dizer que isso é paixão mesmo! E queremos saber como foi a escolha do nome do jornal?
    Fizemos uma votação entre alguns nomes, títulos de canções pop e de haicais. A votação foi por Memai, que em japonês significa vertigem. Encontrei ressonâncias entre esta palavra e o “Japanese Bug”, que é como os estudiosos chamam o encanto radical dos ocidentais pela cultura japonesa. A escolha do nome reflete como funciona o jornal, isto é, algumas vezes por impulso, outras pelo desejo. A vertigem não tem uma direção, é uma onda que leva de um lado a outro. Não somos um grupo fechado, um jornal para ser lido apenas pela comunidade nipo-curitbana. É para quem gosta da cultura japonesa, como o poeta cubano José Kozer, que escreveu poemas especialmente para serem publicados no jornal.


    3. Qual é a periodicidade desse jornal?
    O jornal é trimestral, dentro da sazonalidade das estações do ano. A distribuição é gratuita.


    4. Pode falar um pouco dos ideias e do objetivo do MEMAI?
    Não temos grandes ideias e objetivos, a não ser nos divertir. Nos reunimos porque gostamos do tema “arte japonesa” e queremos compartilhar a paixão com os amigos. Mas por eu ter trabalhado com jornalismo por 20 anos, procuro dar uma orientação para imprimir alguma dose de profissionalismo. Ou seja, brincando, a gente chega a algum lugar. Ou não chega, mas pelo menos fica num lugar em que pode se divertir.


    5. A equipe que escreve o jornal está composta por jornalistas ou por profissionais de diversas áreas?
    Só há duas jornalistas no MEMAI, eu e Myllena, que é formada, mas não tem vivência no jornalismo diário. Como acompanhei de perto a redação do JORNAL NICOLAU, editado pela Secretaria da Cultura do Paraná nos anos 80, este sempre foi uma referência, assim como o jornal A RAPOSA, do Oswaldo Miranda e os nanicos dos anos 70, como O PASQUIM . Não à toa a primeira entrevista do JORNAL MEMAI foi com Wilson, talvez uma das últimas que ele deu em vida. Pensei em fazer um jornal literário, embora eu não tenha mínima ideia do que seja “jornalismo literário”. Tento aplicar experiências tomadas de oficinas de criação literária que orientei. Para mim, qualquer pessoa pode escrever poesia, ficção ou narrativas jornalísticas. Quanto mais escrever mais desenvolve um estilo, uma voz poética. Desenvolver a voz poética é importante, não significa aprender técnicas de redação para publicar um livro. E sim escrever ou se expressar manifestando a sua sensibilidade, o que nem sempre é permitido numa sociedade em que a comunicação e o comportamento são cada vez mais padronizados. Por isto intercambiar os olhares é essencial para o nosso crescimento. Vou falar um pouco de nossa equipe: Lina Saheki é advogada, atuou na Espanha, e um dia mudou de Vitória (sua terra natal) para Curitiba e resolveu abrir uma escola de língua japonesa. Ela ama ler e escrever sobre espiritualidade. Sandra Hiromoto é artista plástica, formada no ateliê de Edilson Viriato, mas com uma trajetória internacional considerável Ela gosta de arte pop, e canções de música popular. Nos conhecemos quando organizei uma exposição de arte nipo-brasileira,. Depois nos reencontramos num show da Fernanda Takai. E eu perguntei se não gostaria de fazer uma entrevista com ela. Cada um escreve sobre alguma paixão, a atriz Patrícia Kamis sobre artes cênicas, o bonequeiro Jorge Miyashiro sobre hibridismo cultural, a pesquisadora Suzana Tamae sobre literatura e cinema. O pessoal das artes gráficas materializa nossas ideias: Simonia Fukue, ilustra, o designer Raphael Krugger diagrama , o Álvaro Posselt é o revisor do jornal . Além de ocupar uma função técnica, todo mundo pode escrever, vender anúncio, assinatura, distribuir o jornal. A estrutura de trabalho é colaborativo, similar à organização das festas da comunidade nipo-brasileira. Devemos à comunidade este ensinamento sobre o valor do trabalho colaborativo. Através deste sistema – visto de fora pode parecer uma organização doméstica, mas implica concessão de liberdade , confiança e autonomia - podemos realizar muitos projetos .


    6. Como você avalia a reação da comunidade japonesa? O jornal é apreciado? Você já ficou emocionada ao algum comentário positivo do jornal?
    A impressão do jornal é patrocinada pela comunidade nipo-curitibana. Não são “patrocinadores” no sentido estrito do termo, são amigos que apóiam a iniciativa e com a contribuição sinalizam que estamos no caminho correto. Consideramos os nossos anunciantes colaboradores tão importantes quanto a equipe de redação e os assinantes. Recebemos mensagens positivas, como a do ex-diretor da Fundação Japão no Brasil, Jô Takahashi (entrevistado da edição 06), a pesquisadora de cultura japonesa Estela Kobayashi, da Universidade Estadual de Londrina e também de desconhecidos que se entusiasmam e passam a se tornar colaboradores, como o caso do fotógrafo Gustavo Morita (capa da edição 06). Não há uma distinção sobre que tipo de colaboração pode ser feita ao jornal. Quando recebemos o pedido de uma assinatura ficamos felizes, pois é mais um a integrar a rede de relacionamento do JORNAL MEMAI.


    7. Os interessados no MEMAI, como podem consegui-lo?
    Metade da tiragem impressa (2.500 exemplares) é distribuída em Curitiba e a outra metade em Londrina e São Paulo. Em Curitiba é possível encontrar o jornal no Centro Cultural Tomodachi, na Biblioteca da Praça do Japão, na Livraria do Paço da Liberdade, no Curso Bunkyo de Língua Japonesa, no Restaurante Mikado e em algumas bancas de jornais e revistas. Em Londrina, no Museu Histórico de Londrina e na UEL. E em São Paulo, no Centro de Estudos Japoneses (Cejap/USP), na Casa das Rosas e também no Curso Bunkyo de Língua Japonesa Os que querem tornar-se colaboradores podem fazer assinaturas pelo email contato@jornalmemai.com.br Ou acessar o conteúdo, gratuitamente, pelo site WWW.jornalmemai.com.br .
    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...