Nossa entrevistada é a escritora Luci Collin, roteirista de
“Os Quarentões” . É a história de três amigos quarentões e suas vidas
monótonas, muito diferentes das vidas que eles sonharam quando eram jovens. Com
diálogo leves e divertidos os três quarentões agradam os espectadores.
Luci, você é
reconhecida como poeta e como escritora de ficção (conto e romance), como e
quando começou o seu caminho como roteirista?
Escrever roteiros para TV é uma experiência nova na minha
carreira. Publiquei mais de dez livros (comecei a publicar em 1984), escrevi
vários textos para teatro que foram encenados, colaborei com artigos e ensaios
em vários jornais e revistas nacionais e internacionais ou seja, já
experimentei amplamente em relação aos gêneros e aos formatos literários, mas só agora apareceu esta
oportunidade de roteirizar para TV.
Qual a diferença de
abordagem? Qual é a sua técnica para
iniciar um conto, para iniciar um romance e para iniciar um roteiro?
Não há exatamente uma técnica específica prévia a cada
gênero há, antes, uma tendência ou impulso inicial inerente ao formato de cada
expressão; o conto é mais visceral e pode ser escrito com mais liberdade, o
romance, em função da maior extensão do texto, acaba dependendo de uma
estrutura mais planejada, e o roteiro é determinado pelo tema, tem uma duração
preestabelecida, uma adequação da linguagem para o público do horário em que o
programa será exibido, e muitas outras características a serem respeitadas.
A divisão do tempo no
roteiro é algo difícil de ajustar? Ou seja, como o roteirista pode ajustar o
roteiro ao "tempo" do diretor.
O tempo é, de forma aproximada, definido pelo número de
laudas escritas. As variações necessárias ficam por conta da direção, que pode
cortar ou inserir elementos no texto em função do tempo disponível, ou adaptar
alguns detalhes do texto em função do cenário, por exemplo. Creio que o
roteirista deva ser neutro, deixando espaço para que o diretor crie a partir do
texto. Evito ser didática no roteiro porque acredito que ele depende muito da
mão/do olhar do diretor – o resultado deve contemplar as diversas formas de
autoria e de realização artística.
Como foi o seu entrosamento com o episódio
"Quarentões"? Você só entregou o roteiro ou acompanhou a filmagem?
Acompanhei a gênese do projeto, que tem argumentação do
Gerson Delliano; ele trouxe a ideia para o programa, concebeu os traços gerais
que marcam o que é ser um "quarentão", e também definiu que seriam três
personagens com seus dramas típicos. Eu aprofundei as características
psicológicas de cada um e escrevi sete episódios com as peripécias dos
quarentões Ricardo (Gerson Delliano), Ari (Edu Régnier) e Walter (Luis
Brambilla). Acompanhei uma filmagem e gostei muito de ver os quarentões
ganhando vida pelo trabalho dos atores e do diretor Fernando Coelho e sua
equipe.
Fale sobre seus
projetos para o segundo semestre.
Pretendo lançar um novo livro de contos, mas ainda estou em
negociações com a editora. E espero que os Quarentões ainda aprontem muitas e
que a gente possa participar desta divertida experiência de compor estes
personagens tão posmodernamente tragicômicos.
Isabel Furini é escritora e educadora. Orienta oficinas
literárias. Mais informações pelo e-mail: isabelfurini@hotmail.com
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